sábado, 26 de dezembro de 2015

Impressões: Contos para ler na fila de espera


Para concluir meu desafio no goodreads, selecionei contos bem curtinhos para comentar, me aproveitando da assinatura do serviço Kindle Unlimited. Com exceção do conto do Eduardo Kasse, todos são minicontos que podem ser lidos numa fila de espera de supermercado.



Quatro Heróis e um Bardo contra a Realidade Medieval, de Rodrigo Assis Mesquita, é conto de comédia muito bem humorado e cheio de tiradas anacrônicas que zomba da nossa sociedade com classe, sem perder o charme medieval imposto pelo cenário. Quem gosta de humor nonsense, estilo adult swim, vai gostar (a história poderia ser facilmente adaptada para um esquete deste show).




O último sol poente, de Eduardo Kasse, segue a linha de apresentação dos imortais vampíricos, neste caso se tratando de um japonês. O primeiro terço do conto foi bastante confuso, por ser muito puxado para ação e apresentar personagens com nomes japoneses de difícil memorização. Transposta esta primeira parte, a narrativa segue mais calma e é possível assimilar melhor quem é quem e seus papéis na trama, de forma que a narrativa se torna belíssima ao final, e a escrita mantém o padrão de qualidade que eu esperava; especialmente nas descrições. A forma do autor trabalhar o sensorial é de uma técnica apuradíssima, sinal de grande talento e trabalho duro.



Parceiros no crime, conto de Ana Lúcia Merege, me deixou à vontade com sua escrita, da qual sou fã e já me sinto familiarizado. A trama expõe um conhecimento profundo em mitologia grega - cujas principais histórias conheço superficialmente - e uma pesquisa sobre lugares e costumes gregos para contar uma história de amor à primeira vista com bastante aventura e mistério. Como sempre, os nomes estrangeiros me atrapalharam no começo (para se ter uma ideia do modo como são tratadas as referências gregas, até Hércules se manteve Héracles, numa citação), mas logo fui me acostumando. Recomendo a todos que curtem a mitologia grega.



Estrela cadente, de Lívia Stocco, é um conto rápido, simples, engraçado e muito bem montado. As características psicológicas são o ponto alto desta narrativa em primeira pessoa, e cativa sem muito esforço. A linguagem é coloquial e o enfoque descontraído garante fluidez e concisão às ideias. Muito bom!



Os anjos não conhecem o céu, conto de Bruno Eleres, me causou uma indiferença extrema. Passado um dia da leitura, eu quis escrever este comentário sobre e não consegui. Simplesmente não lembrava de nada do conto. A escrita não possui defeitos evidentes, é a falta de voz e o enredo "pasteurizado" que tornam a leitura completamente desinteressante. Não costumo dar notas, mas esse é 3/5. Não fede nem cheira.





A ladra que roubava ladrões, de Laís Manfrini, apresenta um conceito interessante, mas a escrita contém alguns maneirismos prejudiciais à leitura; especialmente nas descrições, que se esmiúçam de maneira artificial. O enredo abrange muita coisa para as poucas páginas, e a impressão que fica é a de pressa desmedida, e os personagens são vagos e sem muita importância, apesar de conter um charme peculiar nas suas estranhezas.






O ouro da montanha, de Camila M. Guerra, possui uma escrita rica, opulenta, sufocante. O rebuscamento das frases é agradável pelo estilo, mas é feito sem medida; os adjetivos transbordam em alguns parágrafos, e o que deveria formar a imagem, acaba dificultando o processo de leitura. O enredo é belíssimo, as cenas bem montadas e texto, como um todo, é carregado de poesia. Recomendo!







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