terça-feira, 17 de março de 2015

Impressões: Cirio S. Lemos


Na segunda parte do mês dos contistas brasileiros, venho dar minha opinião sobre três trabalhos de Cirilo S. Lemos, autor já resenhado aqui no blog, e cuja escrita natural e diferenciada me conquistou de primeira. Os contos listados abaixo foram adquiridos na Amazon através do programa Kindle Unlimited.



Sherlock Holmes - O caso do detetive morto é um conto que, só pelo pressuposto que traz com seu título, se mostra uma grata surpresa; omito essa surpresa deliberadamente para não adiantar o choque ao potencial leitor, mas garanto que vale a pena! A história homenageia uma celebridade literária, Auguste Dupin - já citado no blog AQUI - narrando o mistério de sua morte. A escrita é fluída, com uma excelente construção de frases, apesar de uma ou outra escolha estranha de vocabulário. A narração é clássica, considerando o gênero policial, com o poder dedutivo do investigador sendo o elemento mais contundente da trama, o que não se vê muito hoje em dia, em que a estrutura de roteiro permite que o leitor até extrapole as suposições acerca do mistério, se adiantando à revelação do segredo. O conto é curto, divertido e cheio de referências que vão maravilhar quem as perceber, sem precisar delas para tornar o enredo coerente. Recomendo bastante, apesar do texto do ebook não estar justificado.

PS: Aos leitores dos meus livros de fantasia, minha recomendação é dobrada, pois acharão uma surpresa extra.



Dragões - Hoffman e Long é um conto estranhamente nostálgico; não consigo exemplificar puxando um nome da cabeça, mas ele traz aquele ar de porradaria e perseguição suburbana das numerosas histórias entre os anos 70 e 90. E é isso que se acha no conto: um dragão oriental transcorre meandros urbanos e casas noturnas atrás do seu empregador sequestrado, distribuindo pancada até achar uma pista para seguir. A fantasia é realmente inspirada, então os elementos estranhos coexistindo e montando o cenário são os mais discrepantes que se pode imaginar. O final é interessante e fecha com um toque cômico que se percebe bastante entremeado à forma do enredo seguir em frente, narrado pela voz do feroz e perspicaz Long.



Corre, João, corre destoou das leituras anteriores. Possui uma narração destrambelhada, em terceira pessoa, ao mesmo tempo que é uma extensão de João, o protagonista. É uma quebra de forma que não chega a ser inédita, mas faz seu papel em contar um enredo bastante interessante. Recomendo a quem curte uma prosa com cara de poesia; particularmente, não fui muito com a cara.




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