segunda-feira, 1 de junho de 2015

Impressões: O idiota, de Fiódor Dostoiévski


Após dois anos e meio, finalmente concluí a leitura de O Idiota, definitivamente o livro mais controverso no meu kindle. Vamos à sinopse + resenha.


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O Idiota - Dostoiévski é considerado o maior escritor russo de seu tempo. É autor de várias obras-primas. O Idiota começou a ser redigido em 14 de setembro 1867 em Genebra, Suiça, e foi concluído a 25 de janeiro de 1868, em Florença, Itália. A obra teve uma elaboração difícil e torturada. Em meio às piores dificuldades, foi escrita e reescrita muitas vezes até a redação definitiva. A obra foi inspirada na figura de Dom Quixote, de Cervantes. O Idiota é, talvez, o romance mais típico de Dostoiévski, provocou perplexidade nos meios intelectuais da época. a obra foi elogiada por Tolstoi, que a achou de grande força dramática e beleza literária.


O desejo de ler O Idiota e qualquer outra obra de Dostoiévski é compreensível, dado o meu arrebatamento após a leitura de Notas do Subsolo, do mesmo autor, que é meu livro favorito (o primeiro lugar, o inalcançável, aquele livro que mudou minha visão sobre leitura). E muito do que se vê em O idiota é o mesmo que encontrei no referido livro: um enorme trabalho de psicologia nas personagens, de forma intensa e reveladora, alinhado a discussões filosóficas profundas e reflexivas, ainda que essa conduta exija, por consequência inevitável, um esforço menor nos aspectos de trama. E esse não é o problema! Diariamente saem milhares de livros novos, bem escritos, pautados em técnicas conhecidas e fórmulas comprovadas; não é isso que eu buscava em O idiota. Pouco me importa pontos de virada, ritmo, riqueza de descrições. Eu quero CONFLITOS! E é o que mais há no livro, e mesmo assim eu abandonei a leitura duas vezes, dando um tempo de meses entre elas, para enfim pegar uma terceira e finalizar. Eu achei o que queria, mas porque não foi tão proveitoso? A resposta eu consegui achar, e só posso dizer que é o tamanho do livro.

Notas do subsolo é um livro curto; agressivo, contundente. Maravilhoso, mas curto. O idiota, pelo contrário, é um calhamaço disfarçado pela falsa espessura do kindle. As divagações, a narrativa, a eloquência de cada personagem, tudo é exposto com o brilhantismo esperado do russo, mas as doses são cavalares, e irremediavelmente vem junto o tédio, o cansaço, a vontade de apressar a leitura. Some-se isso aos nomes russos, complicados por natureza para um brasileiro - além do fato de Dostoiévski empregar sobrenomes, apelidos e abreviações de nomes, tantos que só na terceira leitura consegui memorizar todos - e uma trama praticamente inexistente (sendo, com efeito, apenas uma sucessão de cenas burguesas e conversas grupais), eu não tenho outra opção a não ser reconhecer que meu autor favorito, mesmo brilhante, consegue ser enfadonho e nem um pouco amigável.

Sobre a trama, não há muito o que se dizer, pois ela é mínima e também o que menos importa, de um ponto de vista macro. Tanto é que nem a sinopse do livro se dignou a falar algo sobre, acho que isso encerra bem este ponto e me leva aos quesitos finais do meu comentário sobre o livro.

O que gostei
- O estilo de escrita do autor já é um diferencial e um convite ao livro
- A narrativa é assertiva em quase sempre, deixando poucas chances de haver confusão
- O príncipe, como personagem e como figura de um ideal
- As discussões sobre política, fé, moralidade e relações humanas

O que não gostei
- A trama que vai de nada a lugar nenhum
- Os cenários são sete, no máximo
- Embora inevitável para o nível de detalhes apresentado, a prolixidade é um agravante ruim

Considerações finais
Com uma importância ímpar na carreira do autor, na minha visão o romance custou muito para entregar o que deveria, e é, numa recomendação bem otimista, um esforço para poucos. Mas, mesmo com todos os aspectos ruins, ele ainda traz em si boas discussões, magistralmente apresentadas, inclusive. É um livro que vale a leitura de um fã determinado, mas não fará ninguém se apaixonar arrebatadoramente pelo estilo do autor.





2 comentários:

  1. Tu já leste algum livro do Chuck Palahniuk? Caso sim, qual é a sua opinião?

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    Respostas
    1. Não li. Recomenda algum?
      Sei que ele escreveu Clube da Luta, mas nunca tive muito interesse em lê-lo (já vi o filme). Estou aberto a sugestões.
      :)

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