quinta-feira, 7 de agosto de 2014

Impressões: A jornada de um herdeiro - A adaga de dois gumes, de Vanessa Nilo


A resenha de hoje é de um livro de autora independente, que tomei conhecimento nos grupos do Facebook. Estou falando de A jornada de um herdeiro - A adaga de dois gumes. Sim, o nome é longo mas o livro também, com suas trezentas e tantas páginas, então fica tudo combinando. Admito que o tempo de começar a ler ele não foi o melhor de todos, na última semana do período na universidade, e antes de terminar de ler, teve início uma leitura conjunta a qual já havia confirmado minha participação. E para completar, chegou minha viagem e só consegui terminar AJDUH em outros ares, longe de casa. Enfim, estou enrolando, vamos direto à minha opinião!!!


O livro conta a história de Arian di Lônios, desde seu nascimento até sua passagem de 17 para 18 anos, quando uma anunciada profecia começa a tomar forma nos arredores do Mar Angria. Criado pelo seu pai adotivo, o jovem toma parte em eventos sombrios que logo se aglutinam para formar uma dúvida na cabeça do rapaz: "Quem sou eu?". A resposta é dada ao leitor sem maiores mistérios, mas Arian não tem essa sorte e acaba se envolvendo em maus bocados para ter esta verdade revelada - já que ele supõe que não descobrirá através de seu pai.

O livro é sombrio. Mais do que eu imaginava que fosse. Vanessa Nilo montou um cenário rico, com bases firmes no âmbito religioso, principalmente. Há deuses e criaturas místicas na história, e cada povo possui sua cultura diferenciada, sejam eles humanos, centauros, magos, videntes ou vampiros. É, há vampiros, e eles merecem uma atenção especial... Não seguem a nova visão "emo" que se estabeleceu, mas também não são monstros de figura horripilante. Misturam a beleza e glamour aristocrático com a violência e o terror do vampiro clássico. Digo "clássico" genericamente, pois não sou conhecedor de histórias desse ramo, aliás, me considero leigo no assunto. E são eles - os vampiros - os vilões da história. Apesar de ser apenas uma parte da história, AJDUH deixou claro que tudo rodeia a profecia de quem vai exterminar os vampiros, e cada personagem - de ambos os lados da disputa - têm suas motivações para ajudar ou impedir Arian a completar seu papel.

O que gostei
-O enredo trata de mais uma jornada do herói, e é satisfatório nessa linha.
-O vocabulário da autora é extenso e bem empregado, enriquecendo o texto.
-As descrições de personagens são muito boas.
-A variedade de personagens - que são muitos - também me agradou.
-A história conseguiu juntar vários seres mágicos diferentes de maneira coerente no seu mundo.
-Os nomes dos personagens foram muito bem escolhidos, muito embora há uma repetição fonética muito grande, especialmente em parentes, o que pode dificultar a assimilação.
-Descrições de cenário são feitas detalhadamente, ajudando a montar a atmosfera sombria.


O que não gostei
-O título do livro não faz jus. Principalmente pela "adaga", que não tem significado real na progressão da trama.
-Vírgulas faltantes, excedentes e mal posicionadas são um problema crônico no livro inteiro.
-A escrita é tão densa o tempo inteiro que a leitura se torna lenta.
-Em algumas frases os tempos verbais se misturam, fazendo-se necessária uma segunda leitura.
-Adjetivos e advérbios extrapolam as descrições e INUNDAM a narração, atrasando a fluidez da história.
-Na reta final do livro surge um núcleo inteiro de novos personagens.
-Como há diversos povos e culturas, pode ser trabalhoso compreender todos sem um pouco de confusão.

Considerações finais
Apesar de achar que o livro merece uma última revisão, A jornada de um herdeiro - A faca de dois gumes ganha crédito pela história bem montada, pelo mundo fictício coerente e principalmente pelo clima que o livro passa, com uma atmosfera sombria e envolvente. Durante toda leitura não pude deixar de pensar que o livro tinha inspiração no RPG VAMPIRO: A MÁSCARA, justamente pelo climão tenebroso, mas conversei com a autora e ela me disse que na verdade se inspirou em Bram Stocker e Sheridan le Fanu - esse último eu não conhecia, para vocês verem meu conhecimento na literatura vampiresca. Vanessa Nilo me proporcionou bons momentos de leitura, especialmente quando eu colocava algo para ouvir junto, como a música abaixo.






2 comentários:

  1. Gostei da sinceridade da sua resenha, destacando os pontos positivos e negativos; deve ter sido muito importante para a autora. Li uma prova do livro em um desses sites de publicação independente (agora não lembro mais onde ela publicou o livro, se foi pelo Clube de Autores ou por outro site) e senti que a escrita dela realmente precisa de amadurecimento. Entretanto, pela sua resenha, o livro parece ter potencial. Seria interessante se a autora procurasse investir em um revisor.

    http://contosdemisterioeterror.blogspot.com.br/

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Obrigado pelo comentário, Laís!
      A parte da revisão é a que acho mais chata em todo processo de escrita, mas é algo que deve ser feito, e feito direito.

      Excluir