terça-feira, 17 de junho de 2014

Impressões: Revista Trasgo #2


A leitura da Revista Trasgo 2 foi concluída já faz um bom tempo, mas por motivos diversos, acabei não fazendo meu comentário aqui. Ontem descobri pelo facebook que a edição 3 já está disponível, e isso me lembrou de vir aqui e tecer minha opinião sobre a segunda edição. Vou seguir o modelo do post que fiz para falar da REVISTA TRASGO #1, me atendo a tecer um breve comentário sobre cada conto. Fico feliz de saber que a iniciativa está dando certo e rendendo mais edições.

Trasgo #02

A revista começa com Rosas, da Ana Lúcia Merege, e devo dizer que colocá-lo como primeiro foi uma bela escolha do editor, pois foi só eu terminar de ler o conto e parti avidamente para os seguintes, de tão empolgado com a qualidade. É uma história simples e com final imprevisível; demonstra que a autora domina uma sutileza na escrita bastante incomum. Não bastasse isto para recomendar, a composição do texto e linguagem são fenomenais, feito para todo tipo de público. RECOMENDADÍSSIMO.

O conto seguinte é Cinco Bilhões, de Victor Oliveira de Faria. É um conto de ficção científica passado num mundo, supostamente no fim da sua vida, dominado por máquinas - orgânicas ou não - conscientes que buscam uma maneira de salvar a estrela que ilumina o planeta ou criar um jeito de levar a população para um planeta diferente. Eu sempre torço o nariz para histórias de viagens no tempo, mas o autor não inventou maiores estripulias e se ateve a criar uma história coerente com o paradoxo temporal, o que achei muito bom.

Hamlet: Weird Pop é o conto de  Jim Anotsu, e trata de um diálogo sobre a realização de uma peça teatral baseada em Hamlet, entre a mente idealizadora do espetáculo e um "advogado" do além, que surge para impedir que aquilo ocorra. A linguagem é bem trabalhada - e quase rebuscada - mas não atrapalha o entendimento do texto; o que complica mesmo é a quantidade de referências utilizadas pelo autor, que não se resumem só a Shakespeare. Não peguei algumas - ou várias, não lembro tão bem - e acredito que o conto não será tão bem apreciado por quem não tem essa carga cultural para fazer as relações necessárias.

Código Fonte, de George Amaral, nos oferece uma literatura de muito bom gosto. Uma trama sobre confusão de identidade, com um quê de suspense e linguagem rápida (o texto é curto, inclusive). Uma ficção de qualidade excepcional, que - não sei dizer a razão - me lembra muito H.P. Lovecraft.

A maldição das borboletas negras é o penúltimo conto, escrito por Albarus Andreos. O conto possui uma escrita agradável e poética, de um esmero singular. Infelizmente é algo que canibalizou a minha leitura; o estilo foi algo tão marcante, que a história em si não prende e confesso que foi o único conto que precisei reler para escrever esse post, pois não me lembrava de NADA do conto.

O homem atômico encerra a revista, com a escrita leve de Cristina Lasaitis. Com uma escrita intermediária entre um artigo de jornal e um causo ouvido em meio a um passeio na feira, a autora nos apresenta, de forma até familiar, a história de um lunático de rua que cativa a comunidade local com suas histórias de conspiração e ciência no regime militar (sim, é um conto urbano passado no Brasil!!!). Uma boa escolha para fechar a edição número 2.




4 comentários:

  1. Olá, Coelho!
    Obrigado por postar essa resenha!
    Fico muito feliz que esteja acompanhando a Trasgo.
    Um abraço,
    Rodrigovk

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  2. Pode esperar pela resenha da número 3, Rodrigo!!!
    Abs.

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