sábado, 3 de janeiro de 2015

Impressões: O Tesouro de Caularom, de Lívia Stocco


Chegou 2015 e, com ele, novas leituras e análises. O primeiro livro do ano é MISTBORN MELHORADO O tesouro de Caularom, da autora nacional Lívia Stocco (já resenhei 2 livros dela aqui no blog: Bhardo 1 e Bhardo 2). O conto foi uma ótima leitura, rápida e cativante, com todos os elementos necessários para satisfazer qualquer leitor de fantasia. Links para o trabalho da autora CLIQUE AQUI!!!
Vamos à sinopse:


O Tesouro de Caularom: Contos de Bhardo
Plúnio nasceu em berço de ouro e é herdeiro da coroa de Darfindor, reino que escraviza os indarae, que viviam nas florestas. Mas sua vida e suas escolhas são afetadas pelo proibido e desesperado amor pela bela Landell, escrava que guarda um segredo que pode mudar o destino de todos. 
Esta é a história do Tesouro de Caularom, um dos sete Objetos Supremos.



A sinopse é curta e define o mote da história, sem muitos rodeios e com honestidade. Existe o drama amoroso entre nobre e escrava e existe o poder misterioso que ajudará os escravos na rebelião contra a opressão. Não há pretensão em revolucionar o uso da fantasia na literatura, mas de entregar uma história interessante, bem construída e verossímil para o leitor, e nisso o conto se sai muito bem. O universo da história é o mesmo dos outros livros da autora, e se encaixa sem causar confusões (até pela história se passar muitos anos antes da época dos romances principais), mas não há ônus algum em pegar o livro para uma leitura independente. Para estes leitores iniciantes, há apresentação de cenário geográfico, personagens e background dos povos envolvidos na trama.

A linguagem é excelente! Narração e descrição são muito bem dosadas, alternando-se no texto com diálogos bem escritos (leia-se: respeitando nuances de cada personagem e seus trejeitos) e fluídos. Por ser um conto, algumas (poucas) passagens dão a impressão de superficialidade, de tão rápidas, porém essa impressão é compensada pelo ótimo ritmo que leva o leitor pelos capítulos, que não são muito curtos nem chegam a ser longos.

A se destacar no enredo, a questão do preconceito foi colocada de maneira magistral. É muito fácil abordar este tema e cair num proselitismo desnecessário e ofensivo ao leitor que já tem maturidade, e a Lívia percorreu um caminho muito inteligente: tocou na questão racial com força, inclusive  explicitando o povo negro e sua dificuldade, mas sem se prender a isto como única forma de expressão deste mal; afinal, o preconceito é um mal que atinge qualquer um, desde que o preconceituoso esteja numa posição favorável a exercê-lo. A questão étnica não é novidade no trabalho da autora, e com O tesouro de Caularom ela continua fazendo um trabalho maravilhoso neste âmbito.

Dos três trabalhos da autora, acho que este é o mais abrangente em termos de público. Os dois livros principais de Bhardo me deixam a impressão de infantojuvenil muito maior que O tesouro de Caularom, e este, apesar de também ter o mesmo público-alvo, me agradou sem que eu precisasse ficar me lembrando que era um infantojuvenil a cada capítulo. Só em algumas passagens - como personagem X estar buscando Y e o achar com uma facilidade duvidosa, ou a masmorra para tortura de escravos se localizar convenientemente acessível por um salão comum na casa do protagonista - me fizeram lembrar que a história é primariamente voltada para mais jovens.

O que gostei:
- Personagens bem construídos
- Cenário bem apresentado
- Trama coerente
- Linguagem fluída
- História divertida

O que não gostei:
- O ebook não possui índice ativo

Considerações finais:
O tesouro de Caularom é uma experiência bastante prazerosa, que cumpre seu papel de ampliar o universo de Bhardo e enriquece a literatura fantástica brasileira com uma qualidade criativa ímpar. Eu quero mais.






Um comentário:

  1. Já conheço a autora e sei que ela percorre uma jornada de evolução constante em suas narrativas, cada vez mais prazerosas de se ler.

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