sábado, 6 de setembro de 2014

Impressões: Mistborn - O império final, de Brandon Sanderson


O livro de hoje pulou na frente de muitos livros da lista de leitura, devido à quantidade exorbitante de indicações e de fãs e prêmios exaltando a maravilha que é. Infelizmente ninguém dizia que o livro é um juvenil/YA, e enquanto lia, minhas expectativas eram satisfeitas e não atendidas ao mesmo tempo, deixando a minha visão do livro bem inconstante. Vamos à sinopse:

O Império Final

O que acontece se o herói da profecia falhar? Descubra em Mistborn! Certa vez, um herói apareceu para salvar o mundo. Um jovem com uma herança misteriosa, que desafiou corajosamente a escuridão que sufocava a Terra. Ele falhou. Desde então, há mil anos, o mundo é um deserto de cinzas e brumas, governado por um imperador imortal conhecido como Senhor Soberano. Todas as revoltas contra ele falharam miseravelmente. Nessa sociedade onde as pessoas são divididas em nobres e skaa – classe social inferior –, Kelsier, um ladrão bastardo, se torna a única pessoa a sobreviver e escapar da prisão brutal do Senhor Soberano, onde ele descobriu ter os poderes alomânticos de um Nascido da Bruma – uma magia misteriosa e proibida. Agora, Kelsier planeja o seu ataque mais ousado: invadir o centro do palácio para descobrir o segredo do poder do Senhor Soberano e destruí-lo. Para ter sucesso, Kel vai depender também da determinação de uma heroína improvável, uma menina de rua que precisa aprender a confiar em novos amigos e dominar seus poderes.


A trama é bastante simples e extremamente rápida, como é de se esperar num livro juvenil. Nós acompanhamos Kelsier na sua luta, em um mundo apocalíptico dominado por brumas noturnas que abrigam mistérios e criaturas medonhas, contra um império maligno dominado pelo Senhor Soberano. O imperador, além de poderoso e imortal, mantém com mãos de ferro a sua sociedade feudal, em que nobres vivem em opulência enquanto a maioria da população é escrava e tratada como escória, seja no campo ou nas regiões urbanas. Tomamos conhecimento da vida de Kelsier como golpista e de seu grupo de companheiros vigaristas, empenhados na maior de todas as empreitadas: destruir o Império Final. Apesar de contar com um narrador impessoal, o leitor basicamente lê um livro de diálogos, pois é assim que toda a história transcorre, sem muita descrição ou narrativa, que, quando acontecem, são usadas, respectivamente, na apresentação inicial do ambiente da cena em que acontecerá o diálogo; e nas passagens de batalhas.

O elemento condutor da fantasia é a alomancia, uma alquimia metabólica que permite ao seu usuário - necessariamente descendente de nobres - retirar habilidades mágicas de metais absorvidos pelo corpo, e quando digo absorvidos, falo INGERIDOS no maior estilo EAT-MAN. Cada metal alomântico possui um tipo magia e o sistema de utilização é o mesmo de jogos de rpg, gastando "mana" até que precisem ser ingeridos novamente, e a intensidade do consumo pode ser dosado ao bel prazer do alomântico, o que contribui para o maior defeito do livro: a repetição.


Existe um problema sério de escrita, a repetição de palavras e expressões é a maior que já vi em qualquer livro. QUALQUER LIVRO. Na primeira página já se percebe isso, mas o problema vai mais longe: a condução da história é bastante didática, e constantemente vemos ideias e sensações sendo re-explicadas e reforçadas desnecessariamente, mesmo para um livro juvenil, e você se pega várias vezes tendo que ler de novo o quanto Vin é desconfiada de todo maldito novo personagem que entra em cena, ou do tamanho do poder do Senhor Soberano, ou a odiosidade que é a vida dos skaa (casta de escravos). Isso tudo somado ao "empurra e puxa" (termos de alomancia) constante para descrever minuciosamente cada ação dos alomanticos, mesmo depois do leitor já ter conhecimento do que se pode ou não estar sendo feito, deixou a história extremamente longa e cansativa. Se o autor já explicou que queimar peltre dá superforça, então se alguém usa superforça, é lógico que ele está queimando peltre, não precisava indicar isso em todo fucking movimento!

Essa parte da escrita de lado, o livro se mostra bastante agradável. Os cenários são bem montados, a escrita é sensacional, sendo bem direta e simples, o que é um favor que Mistborn faz à literatura de fantasia, que ainda se apega DEMAIS à uma construção poética e elaborada, que muitas vezes até prejudica o andamento do enredo. Os personagens são poucos e bem definidos, não dá para se confundir; pela quantidade de diálogos, o leitor logo pega os traços de cada um. Por um momento o autor até dá a impressão que vai tratar de temas mais sérios, citando Deus e os conceitos de bem e mal, mas a trama gira mesmo em função da rebelião dos escravos, e durante centenas de páginas o leitor vai descobrir esperança e conformismo, luxo e miséria, trapaça e inocência em Luthadel, a capital do império.

O que gostei:
- Personagens marcantes.
- Cenários envolventes.
- Enredo cativante, com algumas reviravoltas.
- Escrita ágil, fácil de prender o leitor.

O que não gostei:
- Escrita muito prolixa, o livro caberia facilmente sem retirar fatos do enredo, em menos de 400 páginas.
- Repetição demasiada de termos e ideias.

Considerações finais:
Mistborn é uma história agradável, porém cansativa. O estilo do autor favorece a velocidade de leitura, mas em contrapartida o montante a ser lido anula essa qualidade. A revolução de Kelsier começa e termina no livro, então a leitura é válida mesmo para quem não curte trilogias/séries. Não acho que vou ler os próximos, pelo mesmo motivo que deixei de ver animes, e é isso que Mistborn é: um anime transposto para 600 longas páginas.



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