quarta-feira, 22 de janeiro de 2014

Impressões: Revista Trasgo #1


Dando continuidade à minha seção de opinião, vou fazer uma resenha da Revista Trasgo número 1. Iniciativa louvável do Rodrigo van Kampen para a disseminação da leitura de ficção, mas não é isolada; vários projetos parecidos estão surgindo concomitantemente - como a Pulp Feek - o que é excelente para o cenário de fantasia e ficção científica nacional. Friso bem "fantasia nacional" pela riqueza da mesma, que abrange não só a fantasia internacional, da qual somos consumidores, como também a criação de histórias originais pautadas em uma vivência local dos autores e a utilização do nosso folclore como fonte de idéias. A Trasgo reflete bem essa mistura e abundância de conteúdo heterogêneo. Achei pouquíssimos erros, alguns claramente de digitação, e a edição foi excelente, uma grata surpresa para mim no kindle - ambiente em que até os ebooks profissionais podem ter uma diagramação fraca. Como são poucos contos, comentarei cada um individualmente.






Ventania, de Hális Alves,  traz um conceito interessante, um tipo de Mad Max nordestino. Somos apresentados a um cenário pós-apocalíptico bem interessante, onde Ventania é um reduto autosuficiente na forma de uma fortaleza/moinho-de-vento. A escrita da parte de ação no final do conto me pareceu muito confusa, não sei se foi intencional pela cena, mas não curti. Espero ver mais alguma coisa do autor neste universo, que achei bem promissor.



Azul, da Karen Alavars, eu pulei, pois já tinha lido anteriormente. Procurei minha opinião sobre o conto e não lembro aonde postei, mas em poucas palavras, é um conto de terror psicológico bastante abstrato (característica que adoro e uso bastante) e se encaixa muito bem no gênero horror. Só lendo para sentir, e só depois, entender.



Náufrago, de Marcelo Porto, é meu conto favorito. Talvez por eu ter andado tanto de ferry boat em Salvador, me identifiquei com muita facilidade, e mesmo sendo minuciosamente crítico com viagens temporais, neste caso não me senti incomodado. Parabéns ao Marcelo.



Em Gente é tão bom, de Claudia Dugim, encontrei um conto de um humor "cinzento", quase negro, algo que gostei logo de cara. A autora fez uma caracterização muito boa da personagem egoísta, gananciosa e até sádica. Não me tirou risadas, mas me prendeu e conquistou o meu ódio para com a repulsiva personagem principal.


Sobre A torre e o dragão, de Melissa de Sá, acho que é o conto mais longo da revista. Uma fantasia tradicional vista por uma ótica diferente. Gostei do estilo da Melissa de Sá; não é uma escrita densa nem leve, é um meio termo saudável que consegue agradar aos dois públicos. Conta a clássica história da donzela raptada, reestruturada neste conto de final surpreendente.

2 comentários:

  1. Obrigado pela resenha da Trasgo! Reparei que o favorito de cada um nesta edição é um conto diferente, que o mostra que estamos no caminho certo para a revista!

    Lançamos este mês a segunda edição, se puder, passe lá para ver!
    Abraço!

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  2. Obrigado pelo aviso, Rodrigo. Acabei de baixar para o Kindle, já li o primeiro conto.
    Quando terminar, falarei da segunda edição aqui, e tudo indica que será uma crítica bem positiva.
    Abraço.

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