tag:blogger.com,1999:blog-80119805286832208992024-02-06T18:52:24.111-08:00Ideias demais, textos de menosUnknownnoreply@blogger.comBlogger117125tag:blogger.com,1999:blog-8011980528683220899.post-92133211154062416652017-12-04T09:02:00.002-08:002019-04-07T07:26:41.893-07:00O fascínio pelo imaginário<br />
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<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgVocYb8Goslwx2RqClRcexe0C2IZ4nPWCCZTAcH1Rgn1z0zwTwRJR8sgoYF_P8tUeiIzEYgrMV5nuAJQu1Kj8Y3rIbcMnJqc6imsRzVWnvKmbPLhvf4UW8WFR8Q7p-kUsrnpHk2VMQzlAv/s1600/vlcsnap-2019-04-07-11h16m23s564.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="667" data-original-width="1600" height="266" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgVocYb8Goslwx2RqClRcexe0C2IZ4nPWCCZTAcH1Rgn1z0zwTwRJR8sgoYF_P8tUeiIzEYgrMV5nuAJQu1Kj8Y3rIbcMnJqc6imsRzVWnvKmbPLhvf4UW8WFR8Q7p-kUsrnpHk2VMQzlAv/s640/vlcsnap-2019-04-07-11h16m23s564.png" width="640" /></a></div>
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Estou retomando as atividades no blog e deixo aqui o registro de uma renovada convicção em ler, divulgar e promover as obras de literatura de ficção fantástica. O motivo da retomada não poderia ser mais pueril: fui fascinado por um filme de super-herói, e não qualquer herói, mas o que foi motivo de piada por várias décadas, o Aquaman.<br />
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Há tempos parei de assistir filmes da leva hollywoodiana de adaptações de quadrinhos, por várias razões, mas quase todas de natureza criativa. As películas vinham se repetindo, ou viraram comédias com cenas de ação sem comediantes no elenco (reduzindo comédia a diálogos entupidos de frases irônicas e nada mais), ou viraram mídia de propaganda política eleitoral, ou se tornaram objeto de desconstrução (que sabotou qualquer motivo para o planejamento do filme, para início de conversa), e nesse último critério incluo meus dois heróis favoritos, Superman e Batman. Mas não o Aquaman! Em Aquaman eu encontrei um cinema genuíno de heroísmo e diversão, aliado a maravilhosas tomadas e um roteiro primorosamente compreendido pelo elenco. E, claro, muito do fascínio se deve ao trabalho visual, tanto de figurino quanto dos efeitos especiais, que deram vida à estonteante Atlântida do mundo dos quadrinhos, mas não só ela! Cem por cento dos ambientes foram maravilhosamente escolhidos para compor o cenário da história de Arthur Curry. Minha ligação com o mar e com o fantástico se misturaram no filme, e a faísca criativa inflamou algo maior enquanto eu assistia ao terço final da história, fazendo claro como água cristalina o meu desejo de voltar a inventar aquele tipo de experiência maravilhosa.<br />
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Eu não me esqueci do que transformou em desgosto presença da literatura fantástica na minha vida, nem das condições adversas do gênero aqui no Brasil, nem das pessoas que envenenaram minha visão para o estilo, mas eu quero passar por cima de tudo isso e acreditar que é possível esperar o impossível.<br />
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<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh0Q8pYoSKQZvlAo8WpQquFl4qgsdaKj9MRQhd32Z3SbjrerZuJiSmV9YeoU-wnWBZPD6EoN0Pu8xwJ1HuYa-Ecn0kzR3Z8NtLNgM4mAJTkHb894vXNbYf1y4d6TLG_ATSFkYWKqDaTXFFG/s1600/vlcsnap-2019-04-07-11h14m45s934.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="667" data-original-width="1600" height="265" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh0Q8pYoSKQZvlAo8WpQquFl4qgsdaKj9MRQhd32Z3SbjrerZuJiSmV9YeoU-wnWBZPD6EoN0Pu8xwJ1HuYa-Ecn0kzR3Z8NtLNgM4mAJTkHb894vXNbYf1y4d6TLG_ATSFkYWKqDaTXFFG/s640/vlcsnap-2019-04-07-11h14m45s934.png" width="640" /></a></div>
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<br />Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8011980528683220899.post-52937240959517776232017-10-09T16:06:00.000-07:002017-10-09T16:06:07.695-07:00Impressões: A última chave, de Camila Guerra<div style="text-align: justify;">
Na sequência, mais um post sobre livro escrito por uma brasileira contemporânea. Minhas impressões sobre <i>A última chave</i>, de <b>Camila M. Guerra</b>.</div>
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<img height="400" src="https://images-na.ssl-images-amazon.com/images/I/516V15qIK3L._SY346_.jpg" width="265" /></div>
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<i>O que você faria se soubesse que pode viver em dois mundos?</i></div>
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<i>Sofia mantém sua vida nas rédeas e está muito feliz sozinha. Até o dia em que encontra um livro intrigante que muda completamente a sua vida, envolvendo-a em uma série de sonhos estranhos.</i></div>
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<i>Sem querer, ela passa a viver experiências muito intensas fora do corpo. Essas experiências trazem para sua vida um tufão, que bagunça seu auto-controle e, de quebra, traz-lhe uma indesejada e arrebatadora paixão e uma batalha incansável contra um inimigo feroz.</i></div>
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<i>Sonho ou realidade? </i></div>
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<i>A realidade nos sonhos pode ser implacável e verdadeira…</i></div>
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Numa época cheia de magia e tecnologia imaginária permeando os livros de ficção, <i>A última chave </i>se destaca por ter uma essência inusitada. Mexendo com planos astrais, a autora entrou num campo que é comumente menosprezado para contar a história de Sofia. E antes de falar da moça, explico brevemente o menosprezo: a utilização de sonhos como artifício de roteiro é, na minha experiência pessoal, normalmente criticada e taxada como batida e sem graça na interação internética, principalmente baseada na ideia falsa de que é um recurso preguiçoso ou amplamente reutilizado, por pessoas que não acordam para o fato de que seus pressupostos fantásticos favoritos (realidades alternativas, viagens no tempo, exploração espacial, mundos ligados por portais) são exageradamente mais explorados que o sonhar.</div>
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Passada essa minha impressão sobre o tema do livro e a visão geral do público contemporâneo, é bom destacar que a história se mantém bastante pé no chão. Sofia é, para todos os efeitos, uma garota normal na faixa dos vinte anos, com atividades normais e uma curiosidade aguçada que a leva a alavancar a trama. A personagem faz parte de um elenco pequeno, mas bem caracterizado (à exceção de uns 4 que existem para tapar buraco, mas mesmo eles sendo superficiais, possuem nomes próprios e de fato têm buraco para tapar, não são jogados à toa). Todos são coerentes, e Marcus, o par romântico, é o mais energético, com atitudes e falas que mais tendem a causar impacto.</div>
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O estilo de escrita foi o ponto baixo da leitura. A estrutura frasal é, como pode-se ver na sinopse também, direta, ágil e bastante impessoal. É uma escrita que os analistas de “show, don't tell” iriam se deleitar criticando. Já tendo lido outros trabalhos da autora (com escrita primorosa, eu destaco), entendo que ela tem uma versatilidade grande de estilos, e encerrei o livro imaginando que a escolha do tipo de narrativa aplicado pode ter sido intencional, pensado no público-alvo ou no gênero da história. Para exemplificar, deixo dois trechos:</div>
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<i>"Olhou para o relógio, que acusava 3:30h da manhã. Levou a mão à testa, no local da pancada. Não doía e nem parecia inchado. Levantou-se com um pouco de dificuldade e foi até o espelho. Olhou-se. Não havia mancha de pancada e nem calo. Acendeu a luz do quarto e olhou novamente no espelho, procurando pelo local machucado. Nenhum sinal da pancada, muito menos do corte na boca".</i></div>
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<i>"Ele não era do tipo que envolvia-se com mulheres que havia acabado de conhecer. Muito menos com alunas ou colegas de trabalho. Muitas vezes tinha sido assediado por alunas que confundiam seu papel de professor. Ele sabia separar muito bem, estava ali para guiar as pessoas, levar conhecimento sobre um assunto mal difundido. Em onze anos de trabalho naquele campo, jamais tinha se deixado envolver por ninguém. Não faltaram oportunidades. Algumas alunas foram muito insistentes e trouxeram-lhe uma grande dor de cabeça, causando-lhe problemas para resolver a situação sem desestabilizar ninguém. Mas algo em Sofia, sua energia doce e ao mesmo tempo decidida e resolvida, havia despertado nele um desejo incontrolável de tê-la em seus braços".</i></div>
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Uma coisa que independe da adequação a público ou temática e que me irritou IMENSAMENTE na escrita foi o problema das repetições. Elas são inúmeras, permeiam todo o corpo do livro na forma de verbos, nomes próprios, substantivos simples, ações, o que der para imaginar. Há MUITAS repetições no texto, e se a narrativa não fosse tão simples e fácil de carregar o leitor pelas páginas, acredito que teria abandonado o livro por conta delas.</div>
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<i>"Era como se conseguisse dali olhar a própria vida pelos olhos de um observador. Como se conseguisse ausentar-se de sua própria vida e observá-la de longe".</i></div>
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<i>"Ela entendeu que não adiantaria explicar naquele momento, Sofia não ouviria, não aceitaria, não acreditaria. Matilda sentiu a raiva de Sofia e respeitou o momento. Sofia despediu-se de Laura e desceu rapidamente com os amigos".</i></div>
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No mais, o livro é curto, interessante, com uma temática diferenciada e gostoso de se conhecer. Não acredito que a fórmula da jornada do herói tenha sido utilizada aqui, mas foi interessante chegar em alguns momentos e perceber que Sofia estava trilhando o caminho de uma heroína. Para fechar, deixo uma referência que percebi (me pergunto se há outras referências não tão óbvias que deixei passar):</div>
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<i>"Corram, seus tolos! — Gritou o senhor da porta da casa".</i></div>
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<b>O que gostei:</b></div>
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- História interessante.</div>
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- Temática diferente e curiosa.</div>
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- Personagens bem apresentados.</div>
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- Final inesperado e recompensador.</div>
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<b>O que não gostei:</b></div>
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- Muita repetição.</div>
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- Aos 40% do livro tive a única pausa demorada na leitura, pois há ali uma cena solta, mostrando o cotidiano de Sofia na faculdade, que é absolutamente inútil para a história.</div>
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<b>Considerações finais:</b></div>
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<i>A última chave</i> é um livro de aventura, sobre um assunto interessante e capaz de levar o leitor muito facilmente pelas suas páginas. Com um ou outro percalço, é uma obra que recomendo para leitores jovens ou experientes buscando algo descompromissado.</div>
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Comprando pelo link, eu receberei uma porcentagem da venda.</div>
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Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8011980528683220899.post-30349804020143738682017-09-25T13:26:00.000-07:002017-09-25T13:26:31.600-07:00Impressões: Dois contos de brasileiros<div style="text-align: justify;">
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Postagem miudinha só para registrar minhas impressões sobre dois continhos. A ideia era acumular uns cinco e postar tudo junto, mas me dei conta de que os próximos da lista de leitura são romances longos, e, se eu postergar demais o post de contos, acabarei me esquecendo de recomendar estas duas boas obras. Contos de <b>Camila M. Guerra</b> e <b>Rodrigo Assis Mesquita</b>.</div>
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<img src="https://images-na.ssl-images-amazon.com/images/I/51Z7elQy0KL.jpg" /></div>
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<i>Em meio ao turbilhão de notícias, ideias e informações das mais variadas, que inundam nosso momento atual, os sinais de pontuação vêm sofrendo o maior boicote de sua história. A pedido de um de seus mais ilustres membros, a autora aceitou narrar, neste breve conto, a revolta e a ação desses personagens com relação aos seus padecimentos. Um texto sobre os abusos, as decepções e as lutas dessa família tão importante para a gramática dos textos que nascem no coração das pessoas.</i></div>
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<i>Definitivo: Pontuando Momentos</i> é um conto cômico e muito bem escrito, que narra o acontecido com a família dos sinais de pontuação. É bem divertido e de facílima identificação, ainda mais para esta época de constante leitura nas redes sociais, locais que podem até ter regras, mas não de pontuação. Já li outro conto da autora, e até agora só cresceu a minha admiração pelo talento dela.</div>
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<img alt="Brasil Cyberpunk 2115: Você não pode ter tudo o que quer" src="https://images.gr-assets.com/books/1444773548l/26871723.jpg" /></div>
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<i>Em um futuro Brasil devastado pela guerra, a hacker Hel se junta a um grupo de mercenários contratado pelo homem mais rico do planeta para encontrar um artefato raro do século XXI, colocando a própria vida em risco no fogo cruzado entre humanos e androides.</i></div>
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<i>Brasil Cyberpunk 2115: Você não pode ter tudo que quer</i> conta uma história simples, cheia de humor trivial e personagens marcantes. Percebi que o gênero de FC continua não sendo a minha praia, mas a maneira de contar a história é tão prazerosa que eu comecei e terminei a leitura em uma tacada só. Já tinha lido um conto do autor, do gênero Fantasia, e identifico a mesma pegada na escrita; os gêneros literários são mais panos de fundo para histórias atuais e bem caracterizadas, e a jocosidade na narrativa me leva a crer que dariam ótimas peças de teatro.</div>
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Não encontrei o segundo conto na loja da Amazon.</div>
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Comprando pelo link, eu receberei uma porcentagem da venda.</div>
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Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8011980528683220899.post-86449860305693695202017-05-29T03:26:00.000-07:002017-09-25T12:54:00.282-07:00Impressões: Madame Bovary, de Gustave Flaubert<div style="text-align: justify;">
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Mil anos depois da última resenha, apareço após a leitura de uma dezena de mangás (de One Piece) para redigir mais um texto de impressões. Neste post, retorno aos clássicos para conhecer o trabalho de <b>Gustave Flaubert</b>, em <i>Madame Bovary</i>, um romance amplamente aclamado e até mencionado em certos círculos como o melhor romance de todos os tempos (tendo sido, inclusive, a expressão "bovarismo" criada a partir do livro). Vamos lá, porque já enrolei demais.</div>
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<img height="640" src="https://images-na.ssl-images-amazon.com/images/I/71sYqoztt6L.jpg" width="395" /></div>
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<i>"Texto de suma importância, Madame Bovary é uma leitura essencial, sendo considerado um dos melhores romances da literatura, sendo, provavelmente, o melhor dos livros do romance realista de caráter psicológico do século XIX. Para mostrar seu mundo, Flaubert põe em cena uma personagem em total desacordo com sua realidade, com sua posição social e com seu sexo. É nessa personagem que se centrarão as ações desenvolvidas na narrativa e os principais dilemas da obra. O enredo gira em torno de Emma Bovary, casada com o médico Charles. Emma vive imersa na leitura de romances românticos e, por viver um casamento enfadonho, procura no adultério a libertação de seus problemas. A trama possui um desfecho trágico, e da criação de Flaubert partem grandes linhas de força do romance moderno e sua repercussão no contexto literário francês e mundial é intensa e permanente."</i></div>
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Após puxar o saco um pouquinho, a sinopse apresenta o pano de fundo com fidelidade e chega a insinuar o desfecho, algo que afastaria logo de cara alguns leitores que conheço; como o livro tem mais de um século, deixemos o repúdio ao spoiler de lado, até por conta do fundamento que destaca a obra das demais: a profunda beleza da arte literária na construção da realidade. É claro que há toda implicação decorrente do teor do enredo, ainda mais para a sociedade da época, mas não é do meu feitio expor aqui no blog o desenrolar político, social ou autoral dos livros que leio, e dessa forma permanecerei. Me ausentar da discussão mais acalorada sobre o livro, no entanto, não me priva dos melhores predicados da obra. Porque, ainda que a mulher adúltera tenha sido o furor que evidenciou <i>Madame Bovary</i>, foi o próprio talento literário de <b>Flaubert </b>que deu substância ao tema.</div>
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Charles e Emma Bovary formam o casal protagonista do livro. Ele, um homem simplório, permanece sempre devotado a uma vida de conforto básico e emprego da vida cotidiana, apresentando um medo constante do que pode se apresentar fora dela. Ela, uma sonhadora, não chega a ser uma pessoa de ambições - o que bastaria para contrastar com o marido - porém nunca deixou de acreditar que fosse merecedora de muito mais, seja no âmbito econômico quanto no afetivo e emocional. Sua reverência aos mundos intensos das histórias de ficção transformou Emma em alguém incapaz de aceitar a realidade que a cercava. Passagens que considero extremamente precisas para delinear as duas personagens, deixo abaixo.</div>
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<i>"Acertava sobretudo com os catarros e as doenças de peito. Tendo muito receio de matar os doentes, Charles, realmente, pouco mais receitava do que calmantes, de quando em quando um emético, um escalda-pés ou sanguessugas. Não é que tivesse medo da cirurgia; sangrava abundantemente as pessoas, como se fossem cavalos, e tinha um pulso de ferro para arrancar dentes".</i></div>
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<i>"Contava histórias, dava-lhes novidades, fazia-lhes recados na cidade e, às mais crescidas, emprestava, em segredo, alguns romances que trazia sempre nos bolsos do avental e dos quais ela mesma devorava longos capítulos nos intervalos das suas ocupações. Tratavam só de amores, de amantes, senhoras perseguidas desmaiando em pavilhões solitários, postilhões assassinados em todas as paragens para trocar de animais, cavalos abatidos em todas as páginas, florestas sombrias, perturbações do coração, juramentos, soluços, lágrimas e beijos, barquinhos ao luar, rouxinóis nos bosques, cavalheiros valentes como leões, mansos como cordeiros, mais virtuosos do que aqueles que realmente existem, sempre bem apresentáveis e chorando como urnas".</i></div>
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Sim, as aspirações de Emma são mágicas e desproporcionais, e para enrijecer ainda mais a característica de sonhadora dela, há na primeira parte do livro uma situação de desejo entre ela e León, jovem escriturário da cidadezinha, que não chega a se consumar. Ele parte em busca das oportunidades da cidade grande, deixando seu amor platônico para trás e Emma, que correspondia o sentimento, se viu completamente destruída, de modo que segue uma passagem para exemplificar o seu estado após a partida de León:</div>
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<i><br /></i></div>
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<i><br /></i></div>
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<i>"Entretanto, as chamas aplacaram-se, ou porque as reservas por si mesmas se exaurissem, ou porque o amontoamento fosse demasiado grande. O amor extinguiu-se, pouco a pouco, pela ausência e a saudade foi sufocada pelo hábito; aquele clarão de incêndio que lhe tingia de púrpura o céu pálido cobriu-se de mais sombras e extinguiu-se gradualmente".</i></div>
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<br /></div>
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<br /></div>
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Os humores de Emma se transformam mediante as expectativas, mais que por qualquer outra coisa. Fosse uma linda história de amor inventada num livro, fosse o próprio amor batendo à sua porta com o nome de León, para ela valia mais o sentimento que ela projetava que propriamente o que acontecia a si. Isso fica bem evidente mais para frente, quando ela se torna adúltera e aquilo a enche de alegria, mas que, com o tempo, mesmo a felicidade afetiva consumada não lhe causa mais impressão, de maneira que sua busca pelo imaginário a impele a forçar uma fuga com Rodolphe, o amante, que imediatamente se dá conta de que estava a lidar com uma biruta.</div>
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Mas largando adultérios e desilusões para o lado, passo para o aspecto que mais me abalou no livro: a escrita do autor. Não sendo um autor contemporâneo, há que se observar algumas lombadas, mas em nenhum momento senti o enfado que <b>Balzac </b>algumas vezes me proporcionou, por exemplo. O estilo não se ausenta e nas mais variadas passagens é possível ver o talento absurdo com a prosa literária. Separei um diálogo rápido que encena toda uma situação e uma descrição de um rápido gesto, para que se perceba que na escrita de Flaubert não há percalços. </div>
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<i>"Tem razão - interrompeu o boticário -, há o reverso da medalha! É preciso andar sempre com a mão a segurar a carteira. Em Paris, por exemplo, está-se num jardim público e aparece um fulano, muito apresentável, condecorado até, que se poderia tomar por um diplomata; apresenta-se, estabelece-se a conversação; ele insinua-se, oferece uma pitada, apanha-nos o chapéu que caiu. A gente toma mais confiança, ele leva-nos ao café, convida-nos a ir à sua casa de campo, entre dois cálices apresenta-nos a uma quantidade de pessoas e, durante três quartas partes do tempo, não faz senão explorar-nos a bolsa ou levar-nos a dar passos perniciosos".</i></div>
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<i><br /></i></div>
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<i>"Rodolphe apertava-Lhe a mão e sentia-a muito quente e trémula, como uma rola cativa que quer retomar novamente o voo, mas, ou porque tentasse desprendê-la, ou então porque estivesse correspondendo àquela pressão, ela fez um movimento com os dedos; e ele exclamou: - Oh!, obrigado! Vejo que não me repele! É muito bondosa!"</i></div>
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<br /></div>
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Ainda que existissem descrições espaciais ou visuais que hora ou outra me deixassem desejoso pelo seu fim, elas não foram desnecessárias, pois concretizaram o cenário e toda a cena narrada. Posso dizer que meu desgosto por elas são mais por questão de eu mesmo não conhecer algumas particularidades de vestimenta ou de estética parisiense da época, e tenho certeza que, para um leitor dedicado a imaginar visualmente a narrativa do livro, elas se provam bastante úteis. E são bem curtas, para dizer a verdade; mas como eu queria dizer algo sobre descrições, fica essa "alfinetada". As descrições psicológicas, que são maioria, eu já nem preciso me esbaldar em elogios, por isso destaco mais uma das percepções de Emma:</div>
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<i>"Para Emma, desprendia-se qualquer coisa de vertiginoso daquelas existências amontoadas, inundando-lhe abundantemente o coração, como se as cento e vinte mil almas que ali palpitavam lhe enviassem, todas ao mesmo tempo, o vapor das paixões que ela lhes atribuía. O amor avolumava-se-lhe diante do espaço e enchia-se de tumulto com rumores vagos que subiam".</i></div>
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Eu não consigo pensar em mais o que dizer sobre <i>Madame Bovary</i>. Não vou elencar os pontos que gostei e não gostei, porque o conjunto da obra ficou PERFEITO e, na minha leitura, é indissociável. Deixo aqui para finalizar, um trecho que demonstra a capacidade de sucintez desse mestre da literatura, narrando uma cena de quando Emma resolve chutar o balde e trair a rodo o corno Charles.</div>
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<i><br /></i></div>
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<i>"A partir daquele momento, a sua vida não foi mais que uma coleção de mentiras, em que envolvia o seu amor como que em véus, para o esconder. Era uma necessidade, uma mania, um prazer, de tal maneira que, se ela dissesse que passara no dia anterior pelo lado direito de uma rua, tinha de se entender que passara pelo lado esquerdo. Uma manhã em que acabara de sair, segundo o seu costume, com uma roupa bastante leve, começou repentinamente a nevar, e, como Charles estivesse à janela a observar o tempo, viu o padre Bournisien na carruagem do senhor Tuvache, que o ia levar a Ruão. Saiu então a confiar ao eclesiástico um grande xaile para que ele o entregasse a Emma quando chegasse à Cruz Vermelha. Logo que chegou à estalagem, Bournisien perguntou onde estava a mulher do médico de Yonville. A estalajadeira respondeu que ela frequentava muito pouco o seu estabelecimento".</i></div>
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<b>Considerações finais:</b></div>
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Posso contar nos dedos de uma mão, as vezes que terminei algo e quis chamar de OBRA-PRIMA. <i>Madame Bovary</i> foi assim.</div>
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Unknownnoreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-8011980528683220899.post-9331268419911638172017-03-18T07:38:00.001-07:002017-09-25T12:54:39.195-07:00Impressões: O gigante enterrado, de Kazuo Ishiguro<div style="text-align: justify;">
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O ano está sendo lento para leituras, mas a qualidade está proporcional à vagareza, então é com muita alegria e SATISFAÇÃO que escrevo sobre esta maravilha chamada <i>O gigante enterrado</i>, de <b>Kazuo Ishiguro</b>.</div>
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<img height="400" src="https://d188rgcu4zozwl.cloudfront.net/content/B00ZJ7IWWM/resources/6973707" width="266" /></div>
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<i>Uma terra marcada por guerras recentes e amaldiçoada por uma misteriosa névoa do esquecimento. Uma população desnorteada diante de ameaças múltiplas. Um casal que parte numa jornada em busca do filho e no caminho terá seu amor posto à prova — será nosso sentimento forte o bastante quando já não há reminiscências da história que nos une? Épico arturiano, o primeiro romance de Kazuo Ishiguro em uma década envereda pela fantasia e se aproxima do universo de George R.R. Martin e Tolkien, comprovando a capacidade do autor de se reinventar a cada obra. Entre a aventura fantástica e o lirismo, O gigante enterrado fala de alguns dos temas mais caros à humanidade: o amor, a guerra e a memória.</i></div>
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A sinopse resume bem a premissa do livro, embora seja uma patifaria isso de fazer alusão a Tolkien e Martin. Pegadinha de marqueteiro com altíssimo potencial de decepcionar o leitor que compra por conta dessa suposta similaridade, bem como o adjetivo de "épico arturiano". Malandragens de lado, a história segue um casal de velhinhos, Axl e Beatrice, numa viagem em busca de melhores condições para viver, na aldeia do filho.</div>
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A narrativa não é linear; volta e meia o texto muda para uma cena do passado dos personagens, ou para recontar o presente de uma perspectiva diferente. A princípio estranhei a obra, pois tudo era desconectado da narrativa principal, mas quanto mais a leitura avançava, mas sentia que as cenas e principalmente o recurso literário iam se adequando. Próximo ao final eu fiquei perplexo em perceber que o tema principal do livro, a importância da memória na psique humana e coletiva, estava retratada também na maneira de contar a obra, fazendo o leitor exercitar sua própria memória ou cair na confusão que aflige os personagens do livro. A voz narrativa não é uniforme, e pode passar de primeira para terceira pessoa, dependendo da cena.</div>
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A escrita foi a única coisa que me deixou decepcionado, porém em pouquíssimos casos pontuais. No geral, a escrita tem uma leveza contemporânea que equilibra bem as descrições, narrações de ações e dilemas emocionais, sendo esse último o que é enfatizado com mais frequência. A minha estranheza foi de encontrar, principalmente no primeiro terço do livro, frases de extremo mal gosto. Isso acontece umas oito vezes durante o livro; é pouco, mas são frases tão atropeladas que causam uma espécie de cacofonia aguda impossível de deixar passar. Em todas as vezes que elas apareceram, eu acabei interrompendo a leitura por alguns minutos, principalmente por meu interesse no autor ser o elogiadíssimo trabalho dele na parte da linguagem. Confesso que, por esses casos surgirem tão mais no começo do livro, cogitei repensar minhas expectativas para a leitura. De qualquer modo, deixo aqui algumas das frases que marquei durante a leitura. Como pode-se observar, as frases de maneira alguma são longas e mesmo assim a quantidade de orações formam um entulho horrendo na composição, o que poderia ser facilmente melhorado com cortes e substituições básicas.</div>
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"Essa seria a imagem que Axl e Beatrice veriam logo abaixo quando pararam para recuperar o fôlego, enquanto desciam a encosta."<br />
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"Mais cedo naquele dia, antes de eles chegarem ao mosteiro, o garoto já os tinha deixado boquiabertos com a rapidez com que conseguia cavar a terra com duas pedras chatas que encontrara por acaso lá por perto."<br />
<br />
"Quando esta minha febre passar, nós vamos subir essas colinas e eu aposto que você vai descobrir que o próprio céu estará te sussurrando que caminho seguir até que cheguemos diante da toca da dragoa.”<br />
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Os personagens são poucos, mas incrivelmente bem caracterizados. As posições que cada um assume na trama são também facilitadores de conflitos, e a interação entre eles não deixa de ser instigante nem quando tudo parece que vai correr de maneira pacata e desinteressante. Abaixo deixo uma citação de diálogo entre o guerreiro e o menino.</div>
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<i>“Se eu cair e você sobreviver, me prometa que vai carregar no coração um ódio infinito aos bretões.” “Como assim, guerreiro? A que bretões?” “A todos os bretões, jovem companheiro. Até mesmo aos que forem gentis com você.” “Não estou entendendo, guerreiro. Eu devo odiar até mesmo um bretão que divida o pão dele comigo? Ou que me salve de um inimigo, como fez há pouco o bom sir Gawain?” “Há bretões que atraem o nosso respeito e até mesmo o nosso amor, eu sei disso muito bem. Mas há coisas maiores pesando sobre nós agora do que o que cada um pode sentir um pelo outro. Foram bretões sob o comando de Arthur que chacinaram o nosso povo. Foram bretões que levaram a sua mãe e a minha. Nós temos o dever de odiar cada homem, mulher e criança que carregue o sangue deles. Então me prometa isso: se eu cair antes de transmitir a você as minhas habilidades, prometa que vai alimentar bem esse ódio no seu coração. E se algum dia ele bruxulear ou ameaçar morrer, proteja-o com cuidado até que a chama volte a arder com intensidade de novo. Você me promete isso, jovem Edwin?”</i></div>
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<b>O que gostei:</b></div>
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Tudo.</div>
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<b>O que não gostei:</b></div>
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As raras frases de formulação pobre.</div>
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<br /></div>
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<b>Considerações finais:</b></div>
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<i>O gigante enterrado</i> foi uma leitura maravilhosa. Não oferece muitos aspectos tradicionais na proposta de literatura de fantasia, mas não deixa de ser uma jornada brilhante, comovente e edificadora. É possível perdoar um erro sem antes esquecê-lo? Leia a obra e decida. O que posso dizer com certeza é que eu nunca me esquecerei dessa leitura fantástica!</div>
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Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8011980528683220899.post-56006043746998873662017-01-08T19:27:00.002-08:002017-09-25T12:55:17.984-07:00Impressões: A Menina - Uma vida à sombra de Roman Polanski, de Samantha Geimer<div style="text-align: justify;">
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<img alt="The Girl: A Life in the Shadow of Roman Polanski" src="https://images.gr-assets.com/books/1375648470l/17926571.jpg" /></div>
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<i>Indo muito além das manchetes, A menina: uma vida à sombra de Roman Polanski revela uma garota de treze anos que era ao mesmo tempo muito mais esperta do que sua idade e, mesmo assim, terrivelmente vulnerável e ingênua. Mas, ao contar sua história completa pela primeira vez, Samantha reclama sua identidade, e indelevelmente prova que é possível ir de vítima a sobrevivente, da confusão à certeza, da vergonha à força.</i></div>
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<br /></div>
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<i>A menina</i> é um livro cheio de altos e baixos, com viradas e piruetas entre eles. Comecei porque estava afim de ler uma não-ficção, e como era o que eu tinha à mão, acabei lendo unicamente para não ter que gastar dinheiro comprando uma biografia de alguém que conheço. Digo isso porque não conhecia a autora, nem sequer conhecia o pivô de tudo, Roman Polanski. Mas era o que tinha para hoje, então li. </div>
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<br /></div>
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O livro conta a versão da autora sobre partes da sua vida envolvendo o caso de estupro que sofreu na mão do diretor de cinema e pormenores não tão relacionados assim com o evento. Achei interessante o livro pela sua naturalidade narrativa, até mesmo no início, antes do relato do estupro, o que me fez lembrar que até a mais banal das histórias cotidianas pode ser interessante. O estilo de escrita é inexistente; de fato, a escrita é praticamente uma transcrição de discurso oral, quase vulgar. O aparecimento de recortes de jornal ou de documentos do processo no texto do livro destoam, mas isso não influencia muito na percepção do livro enquanto obra literária, muito pelo contrário. Por conta deles, o livro acaba sendo ainda menos literário (no que tange à arte), mas em nenhum momento achei que essa fosse a aspiração da autora. </div>
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<br /></div>
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O destaque, na minha opinião, é o posicionamento da vítima sobre o crime de estupro. Fiquei chocado com o que li no livro, e após uma análise interna, entendi o porquê. De uns anos para cá, algumas pautas políticas acabaram norteando a produção de conteúdo de entretenimento, e o tema "estupro" foi levado junto com isso. Hoje em dia ele se tornou um tabu muito grande (na literatura, em especial, é até razão para revolta e textão no blog), e a leitura do livro me alertou para o fato de eu ter sido sugado para essa corrente de <strike>pensamento</strike> comportamento. Ver um caso (que aconteceu na vida real, ainda por cima) em que uma vítima de estupro não coloca o crime como a coisa execrável, repudiante e hedionda que normalmente eu vejo em 100% dos posts/artigos de opinião na internet que abordam o tema, teve o mesmo efeito de um soco na cara. Eu poderia vir aqui e dizer que o livro foi uma perda de tempo, enquanto leitura de lazer, mas essa libertação que ele me trouxe foi muito engrandecedora. Agora eu consigo pensar no tema com a complexidade que ele exige, saindo da bitolagem na qual eu me encontrava, rotulando representação de estupro como humanizado ou não, favorável ou não para o debate público sobre o tema, e outros tantos chavões que acabei repetindo quase que por osmose.</div>
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<br /></div>
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O livro é dispensável, não acho que alguém PRECISE ler, a não ser os fãs do diretor ou pessoas que tenham se interessado pelo caso que se arrastou na justiça americana por décadas. De uma forma ou outra, ainda é mais útil que certas bobagens aclamadas na literatura de fantasia que eu vinha admirando, desprezando ou querendo ler, mas que não passam de enlatados produzidos em massa seguindo as mesmas fórmulas estruturais. </div>
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O livro pode ser adquirido através do link abaixo, e eu receberei uma porcentagem da venda:</div>
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Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8011980528683220899.post-64497967961571742242016-12-07T04:32:00.001-08:002016-12-07T09:36:18.519-08:00O pior ano das letras<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
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Resolvi abandonar Admirável Mundo Novo, de Aldous Huxley, porque a edição que peguei para ler estava horrorosa, e quando fui atualizar a leitura no goodreads, percebi o quão ruim foi esse ano para as minhas leituras.Somando isso ao aporrinhamento do goodreads apontando na minha cara que estou 10 livros atrasado na meta de leitura de 2016 (que nem é alta), decidi que era hora de fazer um post de resmungo combinado com desistências e uma pitada de esperança em livros melhores daqui para frente. </div>
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<br /></div>
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Primeiro, vamos dar nome aos bois. O que gostei, não gostei e me deixou em cima do muro:</div>
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<br /></div>
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<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgQtYL1-Kq0sjoHLIwq1S8JdJ0xQ_VVh33DEqfML-tl63q54YymiFyFl7GS8NDIoidQ6kaacyfAF1IuTy_L9rDBNcFGZT4EdKCccSuMd8ZPUFC4bnCpBve5HM2fl-_Tm7MVnNPPDxeDQp6K/s1600/ni.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="523" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgQtYL1-Kq0sjoHLIwq1S8JdJ0xQ_VVh33DEqfML-tl63q54YymiFyFl7GS8NDIoidQ6kaacyfAF1IuTy_L9rDBNcFGZT4EdKCccSuMd8ZPUFC4bnCpBve5HM2fl-_Tm7MVnNPPDxeDQp6K/s640/ni.JPG" width="640" /></a></div>
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<br /></div>
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Já dá para ver que os bons foram raridade, e vale ressaltar que, dos bons, o único que salvou a pátria mesmo foi O Apanhador no Campo de Centeio.</div>
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<br /></div>
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Calma que desgraça pouca é bobagem: eu já tinha feito um post reclamando das leituras e não sei o que mais, e tinha finalizado ele com uma listinha promissora para ler e terminar o ano satisfeito. Pois bem, estou me isentando de qualquer obrigação de lê-los, a minha máxima agora vai ser VEJO A CAPA E A SINOPSE, SE GOSTAR, EU PEGO PARA LER. Serei drástico assim porque os livros abaixo (praticamente comprei ou baixei todos) eu acrescentei na lista de leitura devido a: estarem falando muito bem do autor/obra. Simplesmente isso. Eu estava indo pela cabeça dos outros. Minhas leituras em 2015 foram escolhidas muito mais da minha percepção, e acabou sendo um ano de leituras maravilhosas, ainda que a maioria fosse de autores novos ou de pouco reconhecimento. Pode ser que eu pegue algum livro abaixo para ler? Sim, mas será porque ele me despertou interesse; O LIVRO, NÃO O FULANINHO QUE VEM NA INTERNET HYPAR OS FAVORITINHOS DELE.</div>
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<br /></div>
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<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgcX4PQyUW-H7gwMaD2Hv4WXSmc2ZKoop5vPB8A4Qd1XXpK3Mpy7TrUulP7WOBMn9LO-YR8Bn4mOP8mng00u4rAXg22ywmjQ259E6oP19ig4NBlRzWrLRh7m-A7RCLW3dWADDILCfNMZ8rP/s1600/ssf.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="358" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgcX4PQyUW-H7gwMaD2Hv4WXSmc2ZKoop5vPB8A4Qd1XXpK3Mpy7TrUulP7WOBMn9LO-YR8Bn4mOP8mng00u4rAXg22ywmjQ259E6oP19ig4NBlRzWrLRh7m-A7RCLW3dWADDILCfNMZ8rP/s640/ssf.png" width="640" /></a></div>
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<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhpfTAiZTQFu67VlzjJdzd1J-F79TjY-vDVBYngpoW05KAIgizo67jfH9N__he9D2Wo5RhwfAu6Jb9vbPsBWS06Ct1LREgjHvh1zjSJQLMyhmJAfgjZ3aNGnvmEleuDblc2O53S6oo4ojAQ/s1600/livros+2015.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="544" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhpfTAiZTQFu67VlzjJdzd1J-F79TjY-vDVBYngpoW05KAIgizo67jfH9N__he9D2Wo5RhwfAu6Jb9vbPsBWS06Ct1LREgjHvh1zjSJQLMyhmJAfgjZ3aNGnvmEleuDblc2O53S6oo4ojAQ/s640/livros+2015.png" width="640" /></a></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Agora estou calmo.</div>
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=3</div>
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<br /></div>
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<br /></div>
Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8011980528683220899.post-59944139981006090362016-10-24T17:29:00.003-07:002016-10-25T13:11:24.452-07:00Impressões: O feiticeiro de Terramar, de Ursula Le Guin<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
O livro do post foi escolhido para que a resenha saísse logo na semana de lançamento, o que evidentemente não aconteceu. O motivo é simples: apesar de curto, o livro demandou muitos dias para que eu o concluísse, cheguei a pegar a versão em ebook da edição antiga para agilizar o passo no kindle, e mesmo assim tive muitos entraves para dar sequência à leitura. E olhe que numa comparação, achei a tradução antiga muito melhor, mais "saborosa", porém a fluidez simplesmente não veio. Estou falando de <i>O feiticeiro de Terramar</i>, da autora <b>Ursula Le Guin</b>.</div>
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<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
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<img src="https://images-na.ssl-images-amazon.com/images/I/51xIN4sjfUL.jpg" /></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<i>Há quem diga que o feiticeiro mais poderoso de todos os tempos é um homem chamado Gavião. Este livro narra as aventuras de Ged, o menino que um dia se tornará essa lenda. </i></div>
<div style="text-align: justify;">
<i>Ainda pequeno, o pastor órfão de mãe descobriu seus poderes e foi para uma escola de magos. Porém, deslumbrado com tudo o que a magia podia lhe proporcionar, Ged foi logo dominado pelo orgulho e a impaciência e, sem querer, libertou um grande mal, um monstro assustador que o levou a uma cruzada mortal pelos mares solitários.</i></div>
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<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
A sinopse é honesta, mas não inequívoca. Ao declarar certos eventos como prenúncio para uma aventura maior e cheia de emoções, de cara já suponho uma manipulação marqueteira, uma vez que há muito o que se ler até chegar à chamada "partida para resolver o problema do monstro assustador". O agravo: o que é lido antes desta cruzada de Ged é muito mais interessante que o que vem depois. Não quero continuar sendo negativo do início ao fim, então vou destacar uma qualidade que saltou aos meus olhos na leitura: a escrita!</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: center;">
<i>"E como os seis irmãos de Duny eram vários anos mais velhos que ele e, um por um, deixaram a casa para irem trabalhar a terra ou navegar no mar ou trabalhar nas forjas de outras povoações do vale do Norte, não houve ninguém que criasse a criança com afeto. Fez-se bravio, desenvolvendo-se como erva daninha, até se tornar um rapaz alto e enérgico, barulhento e orgulhoso, cheio de vivacidade".</i></div>
<div style="text-align: center;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<i>O feiticeiro de Terramar</i> é um livro de fantasia direto, com uma concisão primorosa e uma beleza rara de escrita. A sintetização de ideias mostrada no parágrafo acima é tão acertada que dispensa qualquer flashback, memória contada ou conflito interno para definir o protagonista. Simplesmente diz quem é, e isso basta.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: center;">
<i>"Vivia na aldeia uma irmã da sua falecida mãe que fizera o necessário por ele enquanto bebê mas, tendo coisas suas com que se ocupar, não se importou mais com ele assim que o rapaz pôde cuidar de si próprio".</i></div>
<div style="text-align: center;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Uma frase condensou o que a gente vê por aí levar parágrafos, até capítulos, em alguns casos. Eis o talento invejável da autora. Amei ler o seu texto e me deslumbrei com a capacidade dela se expressar. Mas o fascínio ficou por aí.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
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Ged é um jovem com aptidão para magia que, insatisfeito com o treinamento proposto pelo seu sábio mestre, sai para ser aluno numa escola de magia. Os eventos e personagens alocados nessa porção do livro são interessantes, de maneira que a obra se mostra uma preciosa peça literária tanto quanto história de entretenimento. E nem se pode dizer o contrário dos personagens e eventos que aparecem depois, mas a condição de indiferença de Ged, por ter liberado a sombra - mas, principalmente, por consequência da sabedoria e dos poderes que adquiriu após se tornar um mago completo - monta uma parede que barra qualquer entusiasmo. As viagens são monótonas e as situações são anti-climáticas. Não porque não houve preocupação ou desleixo da autora, mas porque Ged sabia que não devia afetar o mundo. É como o manjado recurso de viagem no tempo tanto usado em ficção científica: o viajante não pode mudar eventos do passado ou vai causar problemas, mas algo muda e por isso a história permanece interessante. Aqui, Ged insiste em não causar problemas, e o que prende a leitura é tão somente o mistério da sombra, nada mais. Pelo menos, pode-se dizer que a conduta chata de Ged se encaixa de maneira perfeita no tema do livro, que carrega uma proposta sóbria, tão diferente da maioria das fantasias. Aliás, a magia de Terramar é claramente uma ciência, apesar de não deixar de ser magia:</div>
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<i>"Nada tinha a ver com ilusão, mas apenas com verdadeira magia, a invocação de energias como a luz e o calor, e a força que atrai o íman, bem como as forças que o homem conhece como peso, forma, cor e som. Poderes reais, extraídos das imensas, incalculáveis energias do universo, que nenhum encantamento ou uso humano poderia alguma vez exaurir ou desequilibrar".</i></div>
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<br /></div>
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Nas descrições, senti emoções diversas. Em geral gostei, porque a escrita é boa, mas preciso ressaltar o incômodo da apresentação geográfica, que parece jogada livremente:</div>
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<i>"Fundearam durante uma noite em Foz-do-Kember, o porto mais a norte da Ilha de Way, e na seguinte, numa pequena cidade à entrada da Baía de Felkway, passando no dia seguinte o cabo norte de O e entrando nos Estreitos de Ebavnor".</i></div>
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<br /></div>
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O cenário é sempre tratando assim, despejando nomes de ilhas, cidades, portos. Quase nada afeta realmente a narrativa, e todas se perdem ao virar de página. Recentemente fiz a mesma reclamação no post sobre <i>As mentiras de Locke Lamora</i>, que usa o mesmo recurso de construção de cenário ao mencionar bairros da cidade.</div>
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Não vou dispor em tópicos o que gostei e não gostei, até porque é mais fácil resumir em uma linha: gostei dos personagens, da escrita e das cenas; e não gostei do conjunto da história, de Ged e das passagens entre as cenas (que são basicamente as andanças/viagens marítimas e a maior parte do livro).</div>
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<b>Mais alguns trechos ótimos que faço questão de destacar, abaixo.</b></div>
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<i>"Nessa noite, e sempre daí em diante, ofereceu e deu a Gued amizade. Uma amizade firme e aberta que Gued não podia deixar de retribuir".</i></div>
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Mais uma vez, o poder de síntese que dispensa floreios e artimanhas de autores prolixos.</div>
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<i>"(...) à medida que o poder real de um homem aumenta e se alarga o seu conhecimento, tanto mais se vai estreitando o caminho que lhe é possível seguir. Até que, finalmente, ele nada escolhe, mas faz apenas, e na sua totalidade, o que tem de fazer".</i></div>
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<br /></div>
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Resumiu a atitude do mago Ged, deixando o leitor com uma ótima extrapolação filosófica do texto, e reforçando a ausência do inesperado na história.</div>
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<i>"Servos abriram portas e desviaram-se para o lado perante Gued e a dama, todos eles pálidos e frios osskilianos. Também a pele dela era clara, mas, ao contrário deles, falava bem a língua Hardic e mesmo, pareceu a Gued, com o sotaque de Gont. Mais tarde, nesse mesmo dia, ela levou-o perante o marido, Benderesk, Senhor da Terrenon. Com três vezes a sua idade, branco como um osso e como um osso magro, de olhar turvo, o Senhor Benderesk acolheu Gued com uma fria e severa cortesia, convidando-o a permanecer como hóspede durante o tempo que lhe aprouvesse. Depois pouco mais teve para dizer, nada perguntando a Gued das suas viagens ou do inimigo que o perseguira até ali".</i></div>
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<br /></div>
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Mais uma aula, com tanto dito em tão pouco. Uma escrita densa e admirável.</div>
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<br /></div>
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<i>"Quase cedera, mas, por pouco, não chegara a ceder. Ele não aquiescera. E é muito difícil para o mal apoderar-se da alma que não aquiesce".</i></div>
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<br /></div>
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Uma frase que seria prato cheio para críticas, cuja beleza sobrepõe a necessidade de reformulações.</div>
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<b>Considerações finais:</b></div>
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Um livro que enche os olhos a cada frase lida, mas que não impele ninguém a ler a que vem a seguir. O principal motivo que eu vejo para recomendá-lo, é o nome da autora.</div>
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Comprando pelo link, eu receberei uma porcentagem da venda.</div>
Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8011980528683220899.post-4209426274175886652016-09-19T13:53:00.001-07:002016-09-20T03:52:25.502-07:00Impressões: As mentiras de Locke Lamora, de Scott Lynch<div style="text-align: justify;">
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Há uma semana, mais ou menos, eu li <i>O corvo</i>, do <b>Edgar Allan Poe</b>. Como quase todas as poesias que leio, não me afetou, e não farei post falando sobre ela (não tenho mesmo nada a falar). Assim sendo, pulo direto para as minhas impressões sobre o livro que li em seguida: <i>As mentiras de Locke Lamora</i>, do autor <b>Scott Lynch</b>. Capa, sinopse e o que achei logo abaixo.</div>
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<img height="400" src="https://d188rgcu4zozwl.cloudfront.net/content/B00IDFAXHE/resources/897786781" width="275" /></div>
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<i><br /></i></div>
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<i>O Espinho é uma figura lendária: um espadachim imbatível, um especialista em roubos vultosos, um fantasma que atravessa paredes. Metade da excêntrica cidade de Camorr acredita que ele seja um defensor dos pobres, enquanto o restante o considera apenas uma invencionice ridícula.</i></div>
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<i>Franzino, azarado no amor e sem nenhuma habilidade com a espada, Locke Lamora é o homem por trás do fabuloso Espinho, cujas façanhas alcançaram uma fama indesejada. Ele de fato rouba dos ricos (de quem mais valeria a pena roubar?), mas os pobres não veem nem a cor do dinheiro conquistado com os golpes, que vai todo para os bolsos de Locke e de seus comparsas: os Nobres Vigaristas.</i></div>
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<i>O único lar do astuto grupo é o submundo da antiquíssima Camorr, que começa a ser assolado por um misterioso assassino com poder de superar até mesmo o Espinho. Matando líderes de gangues, ele instaura uma guerra clandestina e ameaça mergulhar a cidade em um banho de sangue. Preso em uma armadilha sinistra, Locke e seus amigos terão sua lealdade e inteligência testadas ao máximo e precisarão lutar para sobreviver.</i></div>
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<br /></div>
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<br /></div>
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A sinopse é bem vaga (e como não ser, para um livro de 600 e tantas páginas?), mas não diz nenhuma inverdade. O livro suga o leitor para um espaço de máfia italiana adornada com luzes noturnas misteriosas, alquimia e construções ancestrais num momento de grande virada política, e para nos guiar ao longo de tudo, nos apresenta Locke Lamora, líder de um dos vários bandos criminosos da cidade de Camorr: os Nobres Vigaristas. Percorremos sua infância sofrida, o acolhimento na Igreja de Perelandro e sua trajetória como ladrão até assumir, já na idade adulta, a liderança do bando.</div>
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A narrativa é segmentada, contando com um interlúdio ao final de cada capítulo para mostrar um flashback ou dar uma informação extra, mas mantém a linearidade em todo o resto do livro. Como sou da geração que pegou o fenômeno LOST, não me incomodei com essa quebra, muito pelo contrário; é um recurso que me agrada demais (inclusive o uso quando escrevo), porém mesmo os não entusiasmados com essa estrutura conseguirão manter a leitura sem entraves, já que esses flashbacks são bem curtinhos. A narração é fluída e os diálogos são cuidadosamente utilizados para informar enquanto injetam comicidade e tensão no andar da história. Informalidade é, sem sombra de dúvida, o principal traço da narração. O aspecto visual da narrativa fica bem claro nos trechos a seguir:</div>
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<br /></div>
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<i>"Locke apoiou as costas na base do muro e uniu as mãos para formar um calço. Calo pousou um dos pés nesse estribo improvisado e pulou para cima, impulsionado pela força conjunta das próprias pernas e dos braços de Locke".</i></div>
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<br /></div>
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<i>"Ela sacou uma chave que trazia pendurada em uma cordinha de seda no pulso direito e a inseriu na fechadura de prata acima da maçaneta de cristal ao mesmo tempo que pressionava com cuidado determinada placa de bronze decorativa dentro de um nicho na parede".</i></div>
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<br /></div>
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Os personagens são o motor da trama, e como eles se expressam pelos diálogos, não preciso me repetir em dizer que foram muito bem construídos a partir das falas. Eles se agrupam para representar diferentes núcleos sociais e pedaços de cenário, o que facilita a condição de "motor". Por exemplo, o Aliciador representa um bairro e um determinado período na linha do tempo, o Padre Correntes e Sabeta, outro lugar e tempo, Barsavi, a cidade baixa num tempo um pouco mais à frente, e por aí em diante. Essa configuração é excelente para levar o leitor junto, cada vez que a trama se move no tempo e espaço, principalmente em um romance tão longo e cheio de gente. Execução impecável!</div>
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<br /></div>
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A descrição que o autor usa, entretanto, merece uma ênfase aqui, devido à estranheza que causa em alguns momentos, até prejudicando o ritmo de leitura. Como a história inteira se passa dentro de uma cidade, acaba que bairros e referências geográficas tomam para si o papel de montar na cabeça do leitor uma imagem mental a partir de peças particulares, e nem sempre isso é feito de maneira coesa. O bairro de onde vem o personagem Pulga é um ótimo exemplo de criação de imagem para o cenário, e ironicamente é um lugar usado uma vez ou outra numa história de 600 páginas, enquanto tantos outros são citados diversas vezes sem representar coisa alguma. Atenção:</div>
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<br /></div>
<div style="text-align: center;">
<i>"No vão central dessa ponte, o Aliciador parou e olhou para o norte, para além das casas sem luz do Tranquilo, para além das águas envoltas em névoa do veloz Angevino, e fitou as chácaras sombreadas e os bulevares de pedra margeados de árvores das ilhas de Alcegrante, cuja opulência se espalhava aos pés das altíssimas Cinco Torres".</i></div>
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<br /></div>
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<i>"Na outra ponta das Quedas do Moinho, os dois viraram em direção ao leste e atravessaram uma larga ponte baixa para entrar no bairro do Portão de Cenza, rota que a maior parte do tráfego terrestre em direção ao norte utilizava para deixar a cidade".</i></div>
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<br /></div>
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Das várias localidades e referências geográficas mencionadas nesses dois trechos, APENAS as Cinco Torres permanecem como elemento significativo no cenário da história. E o problema das descrições não se atêm à parte geográfica. Constantemente elas invadem a narração de uma cena e, dependendo do caso, podem ir de apenas um atraso no andamento para um completo desestímulo. Abaixo, um trecho descritivo de uma cena à mesa, que, apesar ter muita coisa que poderia ser podada, não interfere na leitura. Depois dele, um trecho em que a descrição invade a narração de uma cena de luta, e aí não tem jeito, a quebra de interesse na sequência é instantânea.</div>
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<br /></div>
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<i>"Os bolinhos de frango estavam temperados com gengibre e lascas de laranja. O molho de vinho da salada de feijão aqueceu sua língua, a mostarda ardeu na sua garganta. Ele se pegou tomando goles do vinho para apagar cada fogo novo que se acendia".</i></div>
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<br /></div>
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<i>"Outro borrão cor de prata se moveu no canto do campo de visão de Locke e uma nova dor irrompeu em seu peito como um botão de fogo a brotar ao redor de seu coração, queimando o próprio cerne de sua carne. Pareceu-lhe até sentir o cheiro da carne tostada e o ar em seus pulmões se aquecer até ficar escaldante como em uma fornalha. Ele gemeu, se contorceu, jogou a cabeça para trás e finalmente gritou".</i></div>
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<br /></div>
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É difícil dizer objetivamente qual foi o erro nessa última passagem, porque a maioria esmagadora dos romances de Fantasia segue esta mesma linha de exposição quando traz uma descrição em cena de ação. Talvez seja melhor o autor de literatura fantástica que está escrevendo uma cena de ação deixar um pouco de lado as referências da Fantasia e ir atrás de um <b>Arthur Conan Doyle</b> da vida, que faz um trabalho muito mais efetivo. Encerrando a minha consideração sobre as descrições, vou deixar a passagem do livro que considerei realmente INADMISSÍVEL. O narrador, em mais uma apresentação geográfica, volta-se para o leitor totalmente do nada ao encerrar sua explicação do local. Uma quebra bizarra e amadora da voz narrativa:</div>
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<br /></div>
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<i>"Imaginem várias profundas galerias retangulares escavadas na horizontal até o fundo do penhasco e interligadas apenas por fora"</i></div>
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<br /></div>
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<b>O que gostei:</b></div>
<div style="text-align: justify;">
- Linguagem fluída.</div>
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- Diálogos bem construídos.</div>
<div style="text-align: justify;">
- Personagens marcantes.</div>
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- Cenário interessante.</div>
<div style="text-align: justify;">
- Narrativa envolvente em uma história cativante.</div>
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<br /></div>
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<b>O que não gostei:</b></div>
<div style="text-align: justify;">
- As descrições pecam em vários momentos.</div>
<div style="text-align: justify;">
- Após a resolução do grande problema no clímax, o livro se demora demais em uma cena de luta mano-a-mano extremamente prolongada.</div>
<div style="text-align: justify;">
- O excesso de nomes de bairros, ruas, praças e ilhas que não servem para nada.</div>
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<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<b>Considerações finais:</b></div>
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<i>As mentiras de Locke Lamora</i> quebra um paradigma grande ao me fazer gostar tanto de uma fantasia tradicional, que exige mais que 500 páginas para montar cenário, personagens e trama integralmente e de forma natural. Valeu a pena ler, e indico a todos os que chegaram até aqui com alguma dúvida.</div>
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<br /></div>
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<br /></div>
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<br /></div>
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<br /></div>
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<br /></div>
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<br /></div>
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Minhas impressões sobre a obra mais célebre de <b>J. D. Salinger</b>, o polêmico <i>O apanhador no campo de centeio</i>. Capa, sinopse e minha reação a seguir.</div>
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<br /></div>
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<img height="400" src="https://images-na.ssl-images-amazon.com/images/I/81vQkSRWiWL.jpg" width="268" /></div>
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<i>Um garoto americano de 16 anos relata com suas próprias palavras as experiências que ele atravessa durante os tempos de escola e depois. Revela o que se passa em sua cabeça. O que será que um adolescente pensa sobre seus pais, professores e amigos?</i></div>
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<br /></div>
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<br /></div>
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Livro espetacular! Nem vou fazer comentários, pois não me sinto capaz para a tarefa, o livro é pura psicologia. Narrado em primeira pessoa, ele reproduz exatamente o que muita gente é (especialmente hoje em dia com a geração depressão) e que outros só são em alguns momentos da vida. Holden Caulfield é deprimido, insatisfeito, prepotente e covarde; covarde ao ponto de não virar um personagem revoltadinho que certamente estragaria a história, como esse tipinho sempre faz. Fico mesmo devendo uma análise melhor, mas não sei expressar em resenha todas as sacadas geniais que peguei (várias vezes) durante a leitura. Deixo abaixo alguns quotes que marquei no Kindle.</div>
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<i><br /></i></div>
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<i><br /></i></div>
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<i>Depois que eu disse a ela que tinha um encontro marcado, não podia mesmo fazer droga nenhuma senão sair. Nem podia ficar por lá para ouvir o Ernie tocar alguma coisa minimamente decente. Mas não ia de jeito nenhum sentar numa mesa com a Lillian Simmons e com aquele cara da Marinha e morrer de chateação. Por isso saí. Mas fiquei danado quando apanhei meu sobretudo. As pessoas estão sempre atrapalhando a vida da gente.</i></div>
<div style="text-align: center;">
<i>==========</i></div>
<div style="text-align: center;">
<i>- Tá bom - eu disse. Era contra meus princípios e tudo, mas eu estava me sentindo tão deprimido que nem pensei. Esse é que é o problema. Quando a gente está se sentindo muito deprimido não consegue nem pensar.</i></div>
<div style="text-align: center;">
<i>==========</i></div>
<div style="text-align: center;">
<i>Mas morei com ele uns dois meses, apesar de toda a chatura, só porque ele assoviava bem pra burro. Por isso, tenho minhas dúvidas quanto aos chatos.</i></div>
<div style="text-align: center;">
<i>==========</i></div>
<div style="text-align: center;">
<i>O mais engraçado é que, na hora que a vi, me deu uma bruta vontade de casar com ela. Sou biruta. Nem ao menos gostava muito dela e, apesar disso, de repente, me senti como se estivesse apaixonado e quisesse casar com ela. Juro por Deus que sou biruta. Reconheço.</i></div>
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<br /></div>
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<br /></div>
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<br /></div>
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<br /></div>
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<div style="text-align: justify;">
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A constância nos posts vai voltar, ao que parece, e nesta retomada trago mais um livro de autor brasileiro contemporâneo. Capa, sinopse e minhas impressões sobre <i>A velha casa na colina</i>, de <b>Fábio Barreto</b>, logo abaixo.</div>
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<br /></div>
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<br /></div>
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<br /></div>
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<img height="400" src="https://d188rgcu4zozwl.cloudfront.net/content/B00OYSIBUK/resources/150996449" width="250" /></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<i>Nick Pershin tinha a vida pela frente, com sonhos e ambições, mas, ainda na infância, decidiu bater à porta da velha casa na colina e viu tudo ruir conforme foi lançado num rodamoinho repleto de morte, tragédia e uma decisão irreversível a ser tomada. </i></div>
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<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<br />
<div style="text-align: justify;">
O livro é menor do que eu esperava. Na verdade, só agora que fui buscar a sinopse e capa na internet foi que li na descrição que é um conto. Provavelmente o meu desconhecimento só melhorou a experiência de leitura, afinal eu estava determinado a não ler mais contos até o fim do ano, e não saber o número de páginas (leio no kindle) me proporcionou terminar esta prazerosa história que passaria batida caso eu a colocasse na coleção de contos. Assim sendo, vou estruturar o post de modo a mesclar as observações que faço a romances com a brevidade dos comentários que faço a contos. Bom, chega de falar de mim, vamos à história! </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<span style="text-align: justify;">A sinopse é genérica e não representa o enredo, mas chama atenção e, bom, talvez seja isso que conte... Nick começa como uma criança comum, presencia um evento sobrenatural traumático e reaparece jovem adulto para dar prosseguimento à história como protagonista. Esse prosseguimento de narrativa é algo notável ao leitor com certa facilidade, pois os fatos (principalmente as reações das personagens aos eventos) são forçados a um nível teatral. Levando em conta que contos precisam de uma agilidade maior no andamento e atribuindo tais exageros comportamentais e psicológicos na parte sobrenatural da história, acaba que a "forçação de barra" é relevada e a leitura segue sem percalços.</span><br />
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
A narrativa é bastante visual e não se perde em nenhum momento. É daqueles livros que não deixa o leitor se afastar com facilidade, tamanha a linearidade da sequência dos fatos narrados. Na parte descritiva há um soluço ou outro, mas nada de alarmante, como em:</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<div style="text-align: center;">
<i>"A peça de metal, no formato de cabeça de cavalo, segurava uma argola dourada e protegia a entrada, intocada há décadas. Ela era gigante, pois, por muito tempo, também foi utilizada como sanatório local."</i></div>
<div style="text-align: center;">
<br /></div>
</div>
<div style="text-align: justify;">
O trecho inicia descrevendo uma aldrava bem amadoramente, mas é na segunda frase que fica esquisito. O "pois", por ser conjunção coordenada explicativa, deveria estabelecer uma causa ou justificativa, mas não existe tal coisa entre o prédio ser um sanatório e a porta ser gigante. São coisas pequenas como palavras soltas, e uma questão pertinente surge desses solavancos. No início do ebook é comentado que o autor mora nos Estados Unidos, e trabalha com roteiros; será que o livro foi escrito originalmente em inglês ou em português? Nada sobre isso é comentado. Me fiz essa pergunta especificamente ao chegar no trecho seguinte:<br />
<br />
<div style="text-align: center;">
<i>"Thomas tentou acalmar o filho, mas ele continuava a tagarelar sobre Clive ter sido engolido. Quando entendeu o cenário, praticamente..."</i></div>
<div style="text-align: center;">
<br /></div>
A palavra "cenário" não é costumeiramente usada como "situação" no Brasil (embora seja usado regularmente em ambiente de empresariado, workshops e coisas do tipo), mas é nos EUA. Fica a dúvida. Entretanto, como os exemplos mostram, são apenas escolhas de palavras específicas que trazem algum estranhamento, nada de pavoroso; qualquer leitor pode seguir até o fim e até passar batido por elas, nada disso vai fazer alguém desistir da leitura.<br />
<br />
O único momento que achei menos divertido foi a cena do fantasma na ponte. Excetuando a tensão no clímax da história, <i>A velha casa na colina</i> é um livro tranquilo e não tenta dar sustos no leitor. No geral é uma história de suspense bem estruturada, com um pontual dramalhão sentimental neste ou naquele diálogo e enredo de fácil assimilação. Não vai muito além disso. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
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<div style="text-align: justify;">
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Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8011980528683220899.post-70522550126663374262016-07-29T06:36:00.004-07:002016-07-31T20:51:03.839-07:00Impressões: Coisas frágeis 1, de Neil Gaiman<div style="text-align: justify;">
Peguei este livro para curar uma ressaca literária e ele só a intensificou. Passei dois meses ou mais sem ler ou escrever qualquer coisa, e sempre que o pegava para retomar o ânimo ele me afundava mais na preguiça de estar entre palavras. Minhas impressões sobre <i>Coisas frágeis 1</i>, de <b>Neil Gaiman</b>, logo abaixo.</div>
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<img height="400" src="https://images-na.ssl-images-amazon.com/images/I/611c6p9%2BlvL.jpg" width="277" /></div>
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<i>Os nove contos de Coisas Frágeis trazem Gaiman abordando os mais diversos temas, misturando puberdade, punk rock e ficção científica em "Como Conversar com Garotas nas Festas"; combinando o Sherlock Holmes de sir Arthur Conan Doyle com o terror de H. P. Lovecraft em "Um Estudo em Esmeralda"; extrapolando o mundo de Matrix em "Golias", inspirado no roteiro original do primeiro filme; ou mesmo presenteando a filha mais velha com um conto fantástico sobre um clube de epicuristas em "O Pássaro-do-Sol". Coisas Frágeis é um tratado prático de como escrever boas histórias - histórias que, como diz a introdução do livro, "duram mais que todas as pessoas que as contaram, e algumas duram muito mais que as próprias terras onde elas foram criadas". </i></div>
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<i>Um estudo em esmeralda</i> é uma história divertida, fiel à estrutura narrativa e ritmo que consagraram Sherlock Holmes no mundo da ficção policial. O "esmeralda" do título remete aos deuses antigos criados por Lovecraft, que na história são mostrados através de referências um pouco menos destacadas. Neil Gaiman une esses elementos para contar a busca de um detetive e seu companheiro pelo assassino de um membro da realeza. Um ótimo conto, sob qualquer perspectiva, mas especialmente apreciado aos que conhecem as fontes inspiradoras. Eu, que sou fã extremista e declarado de Lovecraft e Doyle, só posso dizer que terminei a leitura com um riso delicioso no rosto. Recomendarei sempre.</div>
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<i>A vez de Outubro</i> é um conto muito bom, que mostra a reunião dos meses do ano ao redor de uma fogueira para contar histórias e desenvolve, na fala de Outubro, a fuga de casa de um menino descontente. Fiz muitas ligações com <i>O oceano no fim do caminho</i> (também conta a história de um menino perturbado e é o melhor romance do Gaiman, na minha opinião), e provavelmente por conta disso fui destacando uma coisinha ou outra para criticar. No geral, a história é interessante, mas fiquei com aquela impressão de ser alinhada demais com o público que partilha das tristezas do menino. Acho que o adulto que se envolveu demais com a história precisa realmente tomar tenência e resolver suas inseguranças, de uma vez por todas. Isso soa insensível, mas é sincero; o conto tem muita cara de mensagem pastoral, foi impossível não associar Outubro com a voz forte e suave daqueles pastores que pregam em quadros noturnos das rádios, tentando motivar os que caíram em desgraça.</div>
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<i>Lembranças e tesouros</i> é um caos. Conto cheio de coisas soltas e apressadas que, tal qual fiz quando li <i>Lugar nenhum</i>, tive a boa vontade de relevar "por ser Neil Gaiman". Mais à frente tem outro conto com Smith e Alice, e espero gostar mais, pois nesta história eles não me envolveram nem um pouco - e mesmo assim foram as melhores coisas que tirei da narrativa desordenadamente desconexa.</div>
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<i>Os Fatos no Caso da Partida da Senhorita Finch</i> é um conto divertido, despretensioso, cheio de bons personagens e com a adição da popular ideia da "Londres abaixo", aqui representada por um circo que se apresenta em galerias abandonadas do metrô. Não há muito mais o que dizer, é um conto muito bom. Recomendado!</div>
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<i>O Problema de Susan</i> é o maior sonífero que já experimentei. Por duas semanas tentei e falhei em chegar à quarta página. Gostaria de dizer que esse conto é uma bosta, mas por polidez vou dizer que Neil Gaiman estava possuído por Morfeu quando o escreveu.</div>
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<i>Golias</i> é um conto interessante contado no universo Matrix. Não lembro muito dele, mas é bom.</div>
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<i>Como Conversar com Garotas em Festas</i> é um caso interessante. Começou maravilhosamente, me empolgando com a voz narrativa do protagonista e a situação proposta, mas lá pelo meio (quando a festa acontece) há uma página lotada de referências regionais que me lembrou muito o que li de Stephen King e, imediatamente depois, tudo se transformou numa narrativa louca. Talvez haja algum simbolismo na parte final, e se alguém souber justificar o porquê da história ter ficado como ficou, me explique para eu poder tirar proveito do que se iniciou como uma ótima história e degringolou completamente com a aparição das amigas de Stella.</div>
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<i>O Pássaro-do-Sol</i> é um bom conto e leva a impressão digital do autor em sua narrativa: a história é carregada de infantilidade e pontualmente joga ganchos para o leitor adulto lembrar-se de que é adulto. Em geral prefiro quando ele faz isso com alguma justificativa, como por exemplo haver personagens crianças na trama (o que não é o caso aqui, e houve a incômoda dúvida sobre a história ser direcionada a crianças ou adultos, que afeta diretamente a suspensão de descrença), mas não prejudica o conto em seu todo. Terminei de ler querendo muito ver um curta animado baseado nele.</div>
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<i>O Monarca do Vale</i> é sequência de <i>Deuses americanos</i> e se assemelha demais com ele. No final, inclusive, me perdi quando começa a batalha, tal como aconteceu quando li o romance, mas fora isso não tenho o que reclamar. Ótimo conto e um excelente reencontro com Shadow.<br />
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Comprando pelo link, eu receberei uma porcentagem da venda.</div>
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Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8011980528683220899.post-70993743877231030112016-05-03T12:36:00.001-07:002016-05-03T12:52:48.119-07:00Impressões: Deuses esquecidos, de Eduardo Kasse<div style="text-align: justify;">
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A obra do post de hoje tomou forma pelas mãos de <b>Eduardo Kasse</b>, e é o segundo romance da série Tempos de Sangue: <i>Deuses esquecidos</i>. O primeiro romance já foi comentado aqui no blog.</div>
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<img src="http://ecx.images-amazon.com/images/I/51bjgay%2BCjL._SX336_BO1,204,203,200_.jpg" /></div>
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<i>Deuses Esquecidos é o segundo romance da Série Tempos de Sangue, de Eduardo Kasse, e narra a história de Alessio, um camponês temente a Deus que se tornou imortal contra a própria vontade.</i></div>
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<i>Em uma Itália governada pela incontestável Igreja Católica, com seus dogmas e imposições, Alessio se vê em um grande dilema: depois de ser transformado em um bebedor de sangue, ainda teria chance de obter a Salvação?</i></div>
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<i>Enquanto segue em busca de respostas, deixando à própria sorte a mulher e o filho, percorre caminhos tortuosos pela Europa medieval contando com a ajuda de um monge glutão e preguiçoso que também precisa expiar os seus próprios pecados.</i></div>
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<i>Durante essa jornada fantástica, sua alma sempre estará envolta por sombras. Se reais ou imaginárias, só o tempo poderá dizer.</i></div>
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Não faz muito tempo que li <i>O andarilho das sombras</i>, e a grande surpresa ao começar <i>Deuses esquecidos</i> foi justamente ver que não se tratava de uma sequência direta (devido ao final do primeiro livro, que deixa clara a presença de Harold Stonecross em futuras histórias). No lugar do vampiro sanguinário, temos Alessio di Ettore, um vampiro de origem campesina, bastante ligado à sua fé católica. A natureza do personagem aglutina conflitos suficientes para torná-lo um personagem mais interessante desde o começo, mas não para por aí. As relações entre os personagens, a confusão e o espírito mais aventuresco e de descoberta da história deixam o livro muito mais receptivo que o anterior. Harold definitivamente não é meu malvado favorito, Alessio ganhou com facilidade.</div>
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A narrativa é segmentada, mudando de Alessio como narrador nas passagens que conta sua trajetória, para um narrador impessoal e onisciente, que toma a voz nas cenas em que Alessio não participa. Não vi problema com isso, mas leitores desatentos talvez precisem se preparar, pois a mudança é abrupta, e não estar preparado para este tipo de estilo pode gerar frustrações, eu sei por experiência própria. Deixando essa característica de lado, a trama é bem simples e direta, não abrindo espaços para malabarismos de roteiro, o que tem seu lado bom e ruim: o plot é pé no chão, não desperta a empolgação que virou quase um requisito para romances de fantasia depois da disseminação dos manuais de escrita criativa, mas a história ainda tem o viés histórico do cenário, que pode ser um bom escudo para justificar a "seriedade" do livro. Afinal, uma fantasia histórica carregada de terror não precisa ser cheia de apelo juvenil, precisa?</div>
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A escrita permanece gostosa de se ler, apesar de ter notado um menor refinamento vocabular. A história ficou mais acessível, e isso pode não ter sido intencional, já que o primeiro livro é muito maior que este, tendo mais espaço para explorar rebuscamento. O problema sério mesmo é o das vírgulas, que aparecem onde não devem e não estão onde deveriam estar (nas ocasiões de vocativo, principalmente) e em determinadas passagens, sem motivo algum, a narrativa muda o passo natural para uma sequência de frases curtas como versos de poesia. O que parece ter sido colocado para gerar efeito só gerou estranheza na leitura, além de destoar esteticamente nas páginas em que ocorre.</div>
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Por fim, vale destacar que o tema se encaixa muito bem na história, e ela desperta um sentimento ruim no leitor; as palavras afetam, de fato, quem as estão lendo. Todos os personagens são ruins, e os que não são no início, terminam por se corromper. Não há espaço para torcer e vibrar, o tom do livro é muito negativo, e é possível que algumas decisões tenham sido tomadas levando isso em consideração. A coisa chega a um ponto em que um abade no fim da idade, reconhecido (e demonstrado na história) como tendo um bom coração, destrói suas convicções por muito pouco, até descaracterizando toda a pesquisa histórica feita para o livro, pois transforma uma pessoa do clero, estudada e confiante da sua fé, num semi-analfabeto destes cultos de garagem, que lê a bíblia uma vez e a interpreta no furor do culto. A cena final do abade não só é forçada, mas destrói o personagem para manter o aspecto sombrio do livro. <i>Deuses esquecidos</i> fecha mais um capítulo de Tempos de sangue de forma coesa, podendo até ser lido separadamente; um ótimo ponto nesta época de megassagas cheias de volumes que iniciam muitas coisas e encerram poucas.</div>
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<b>O que gostei:</b></div>
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O ritmo é muito bom, e a leitura não cansa.</div>
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A escrita é funcional na maior parte do tempo e agradável de se ler.</div>
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Cada personagem cativa a seu modo, e possuem seus próprios desejos e problemas.</div>
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Não tem como não gostar de Alessio.</div>
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<b>O que não gostei:</b></div>
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Além do aspecto físico, a personalidade de TODOS é estereotipada. É possível adequar cada um em seu arquétipo sem qualquer variância de traços. Os simulacros são tão patentes no personagens que é fácil associar cada um a outro personagem medieval já existente na cultura pop.</div>
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<b>Considerações finais:</b></div>
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<i>Deuses esquecidos</i> segue a linha da série e já estampa no título o que o primeiro livro só revela no final. É uma expansão de universo bem feita e, eu diria, até mais agradável que a obra anterior. Haja o que houver após o segundo livro, Alessio e Harold continuam firmes, fortes e com histórias sólidas em seu passado. Que venha mais sangue e mais esclarecimentos sobre o destino destes dois.</div>
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Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8011980528683220899.post-7487171890430235452016-04-25T09:15:00.000-07:002016-04-25T09:46:14.017-07:00Abandono e desistências<div style="text-align: justify;">
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Post só para registrar o que deixarei de ler e o livro que larguei em 50%.</div>
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<img src="http://ecx.images-amazon.com/images/I/51qrzvwV13L._SX346_BO1,204,203,200_.jpg" /></div>
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O que abandonei foi <i>A luneta âmbar</i>, de <b>Philip Pullman</b>. A leitura não estava agradável, muita coisa sendo jogada e inventada do zero, apesar de ser a sequência que pretendia encerrar a trajetória de Lyra. Tive uma decepção também com Iorek, que perdeu sua fúria viking, seu comprometimento espartano pela lei do mais forte, e virou um personagem precavido ao ponto de demonstrar covardia. Gostaria muito de chegar até o final para conferir a tal crítica à ICAR, mas a narrativa não me permitiu. O livro deve ser herético só pela menção a Deus ser explícita, já que há umas controvérsias tanto escolásticas quanto metafísicas (exemplo: a associação do pecado a um pó cósmico e a concepção de que o corpo físico seria mais forte que o espiritual, respectivamente); ou então por ser um livro destinado ao público infantil, então "qualquer perigo vira um grande perigo". Não sei e não vou descobrir, pois a vontade de ir até o fim ACABOU. Há boatos de uma série chegando, então espero que siga os livros, assim saberei certinho o motivo do debate sobre a religião.</div>
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As minhas desistências se devem à temática dos livros. Estou saturado e chateado com as coisas que tenho lido, mesmo as boas, pois tudo gira sobre temas ruins, coisas depressivas ou apenas mensagens desanimadoras. Eu quero mudar isso e vou priorizar leituras inspiradoras, com temas positivos. Vou terminar <i>Deuses esquecidos</i> do <b>Eduardo Kasse</b>, mas depois dele, só vou ler obras que façam um pouco mais feliz. Infelizmente, a maioria das obras que estavam na sequência de leitura são de autores brasileiros, e vou acabar deixando eles de lado, mas FAZER O QUÊ? (De qualquer jeito, já comprei estes ebooks, então possa ser que no futuro eu venha a lê-los).</div>
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<img src="http://ecx.images-amazon.com/images/I/513EEANtUHL._SX311_BO1,204,203,200_.jpg" height="200" width="125" /> <img src="http://ecx.images-amazon.com/images/I/514yISwg0rL._SX332_BO1,204,203,200_.jpg" height="200" width="133" /> <img src="http://ecx.images-amazon.com/images/I/51Uidc3WSFL._SX327_BO1,204,203,200_.jpg" height="200" width="131" /> </div>
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<img src="http://ecx.images-amazon.com/images/I/51Oec1YQNDL._SX332_BO1,204,203,200_.jpg" height="200" width="133" /> <img src="http://ecx.images-amazon.com/images/I/51uUfTF8N4L._SX336_BO1,204,203,200_.jpg" height="200" width="135" /> <img src="http://ecx.images-amazon.com/images/I/51moQl7GemL._SX347_BO1,204,203,200_.jpg" height="200" width="139" /></div>
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Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8011980528683220899.post-89461688130463034902016-04-09T16:29:00.000-07:002016-07-31T19:34:35.808-07:00Impressões: Sentimentos à flor da pele<div style="text-align: justify;">
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O livro de hoje é uma coletânea de contos financiada coletivamente. Reúne alguns dos principais nomes da podosfera literária, com cada um tomando um sentimento como tema para contar sua história. Apoiei o projeto, mas minha contribuição maior acho que vem agora, depois da capa e sinopse.</div>
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<img src="https://images-na.ssl-images-amazon.com/images/I/519FIxSdlHL._SX331_BO1,204,203,200_.jpg" /></div>
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<i>Acostumados a discutir literatura, 10 podcasters literários – dos programas 30:MIN, CabulosoCast, LivroCast, LiterárioCast e Drone Saltitante – tiveram de escolher sentimentos e transformá-los em personagens dominantes de seus contos. O resultado é um livro pequeno, mas como dito em uma frase de Sandman: “Algumas coisas são grandes demais para serem vistas. Algumas emoções enormes demais para serem sentidas".</i><br />
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<i>Aquele terno maldito e aquele maldito gato</i>, de <b>Anna Schermak</b> narra a prisão e escapada de uma mulher das mãos de traficantes de mulheres. O ritmo é acelerado e a narrativa gruda rápida no leitor, com excelentes descrições materiais e psicológicas. O refinamento da escrita flutua ao longo dos parágrafos, com frases muito bem pensadas, e outras sem relevo algum, mas no geral, por conta da sensação de perigo que a escrita passa, essas não geram desinteresse. Atentei para alguns sentimentos de esperança e vingança, mas no geral, o pujante na história é o medo, e acredito que ele tenha sido tema do conto. Há uma analogia muito inteligente na história, que acaba perdendo sua força por conta de uma frase próximo ao fim, tirando uma característica interessante do conto.</div>
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<i>O bosque da depressão</i>, de <b>Andrey Lehnemann</b> fala sobre um bosque através de metáforas, analogias esquisitas e referências no mínimo confusas. O vocabulário é amplo, porém usado de forma solta, sem enriquecer a a estrutura atrapalhada da narrativa, e dá a impressão de ser fruto de uma busca em um dicionário de sinônimos, em vez de usado para fortalecer contexto. Admito que cheguei ao fim sem ter ideia de que sentimento devia ter sentido ao ler, até que "solidão" foi citado, e me pareceu algo que se encaixaria. Em apreciadores de poesia, talvez, esse conto possa gerar algum vínculo, mas não me agradou.</div>
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<i>Existe amor na rua Paiquerê</i>, de <b>Cecília Garcia Marcon</b> narra o relato de um mendigo pintor que se apaixonou por uma transeunte. A narrativa é inteligente, prazerosa, sem espaços para o leitor se distrair com outras coisas. O amor platônico do mendigo, mesmo exagerado, é de uma construção impecável. Apesar do mistério apresentado ao final, o conto segue uma linha tão natural que eu sou obrigado a dizer que <i>Existe amor na rua Paiquerê</i> é uma crônica perfeita.</div>
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<i>Mais uma bomba caiu no meu jardim</i>, de <b>Domenica Mendes</b> apresenta o dia-a-dia de uma mãe num mundo distópico (ou quase lá). Os elementos de construção de cenário são os pontos fortes: os termos são genéricos, o que é uma escolha acertada para um conto curto, e sinalizam para o leitor que há algo além do que é visto nas cenas descritas. Cheguei à última página completamente perdido sobre o tema do conto, pois a história não me passou sentimento algum (pelo contrário, percebi a ausência de sentimentos), e na última página a citação da "apatia" me abriu os olhos. Ela é a minha aposta para o tema. Acho difícil não ser isso, pois há uma cena muito apelativa no conto, e a única explicação do que segue à cena, é a apatia da personagem principal.</div>
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<i>Sua herança</i>, de <b>Igor Rodrigues</b>, começa com uma frase memorável. Discutindo relações de fidelidade, amor próprio e decepção raivosa, o conto tem diálogos fortes e uma trama sem grandes atrativos, porém simples e coerente, até certo ponto. Uma súbita mudança de comportamento motivada por ódio não convence, e a aparição de um personagem foi tão jogada na trama que tirou todo o sentido da leitura; impressionou a protagonista, sim, mas muito mais o leitor, que se decepciona com o desleixo de como a situação foi montada. Há também alguns erros de digitação que passaram na revisão, e uns equívocos com as vírgulas. O tema me pareceu ser o ódio, mas ele também não convence.</div>
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<i>O grande duelo</i>, de <b>Jefferson Figueiredo</b>, é mais uma história de vingança, dessa vez sobre um homem que decide matar o ex-amigo por conta de uma mulher do passado. A escrita é fluída e a história não desestimula o leitor, mas não enxerguei atrativos. Há diversas referências ao cinema de faroeste, e os entusiastas podem ver algo mais no conto, mas não creio que vá acelerar o coração de ninguém. Há uma pegada de noir em alguns parágrafos, porém tudo que disse aqui foram observações avulsas, de elementos que não integram o todo da história, de forma que eu terminei sem fazer a mínima ideia de qual foi o tema selecionado pelo autor na hora de escrever. Não é ruim, mas é bastante esquecível.</div>
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<i>N. A. (Nostálgicos Anônimos)</i>, de <b>Lucas Rafael Ferraz</b>, é um conto de mistério. Um esquisito grupo de apoio serve de porta de entrada para conhecermos um pouco sobre Vitória e sua luta com um trauma antigo e persistente. O background é intencionalmente deixado de lado, e o leitor precisa se apegar à aflição de da personagem quanto a um evento até simples, mas que consegue prender a atenção e estimular a curiosidade. Parabéns ao autor por conseguir tanto mostrando tão pouco, é um mérito difícil de ser alcançado. O sentimento-tema, apesar de não ser escancarado no enredo, só pode ser a nostalgia mencionada no título, e faz todo o sentido.</div>
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<i>Onde não deveria estar</i>, de <b>Marcelo F. Zaniolo</b>, usa uma narrativa rápida e gostosa de se ler para contar a superação de um menino contra seus medos. A história narra um causo, praticamente, haja visto que tudo começa e termina em poucos minutos. A natureza do medo do garoto é boba e difícil de acreditar; chegou a me causar estranheza, mas acabei aceitando após concluir que se trata de um conto infantil - e só cheguei a essa resolução após terminar e pensar sobre o que tinha acabado de ler, de maneira alguma a escrita ou a situação geral é infantilizada.</div>
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<i>Ratos em sangue</i>, de <b>Mateus Lins</b> possui o estilo de escrita mais distinto do livro, o que não impediu o defeito do excesso de permear, de maneira grave, o texto do início ao fim. O enredo não tem propósito até o último ou penúltimo parágrafo do conto, e quando aparece, não chega a convencer. As coisas são jogadas, os elementos não se encaixam, o conto realmente não brilha pelo que está contando. É o tipo de texto que impressiona pela maneira que transmite as ideias, por meio da narração e da descrição, e é por isso - pelo traquejo com a palavra escrita - que parabenizo o autor. Não vislumbrei o sentimento-tema.</div>
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<i>Peixe fora d'água</i>, de <b>Vilto Reis</b>, começa com a irritante narrativa no presente para contar a velha história do filho contra o pai autoritário, que para fechar o estereótipo, é um cristão fervoroso e irredutível (se captei bem, é testemunha de Jeová). A escrita possui um tom coloquial muito forte, e a narrativa passa longe de ser convencional, o que não necessariamente é ruim - é quase como um retrato contemporâneo dos textos curtos em português. O tema parece ser algo como submissão/opressão.</div>
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Antes de encerrar o post, vou deixar a relação dos sentimentos utilizados pelos autores para construir os contos (eles são revelados ao fim do livro). Os que estão em negrito e itálico são os que eu acertei. Respectivamente: solidão, depressão, <b><i>obsessão</i></b>, <i><b>apatia</b></i>, <b><i>raiva</i></b>, ódio, <b><i>nostalgia</i></b>, <b><i>medo</i></b>, escapismo, poder.</div>
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Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8011980528683220899.post-78477955993198828362016-04-03T06:17:00.001-07:002016-04-03T06:22:27.256-07:00Impressões: Horror na colina de Darrington, de M. V. Barcelos<div style="text-align: justify;">
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Recebi o livro autografado e acompanhado de um material espetacular de divulgação, o que me deixou com uma ótima impressão inicial. Minha opinião sobre o romance de estreia de <b>M. V. Barcelos</b> vem logo abaixo da sinopse:</div>
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<img alt="Horror na Colina de Darrington" height="400" src="https://images.skoob.com.br/McnR3rTpq5ghBnHX_-9YfILAlIg=/200x/center/top/smart/filters:format(jpeg)/https://skoob.s3.amazonaws.com/livros/534689/HORROR_NA_COLINA_DE_DARRINGTON_1446566523534689SK1446566523B.jpg" width="265" /></div>
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<i>Você acredita em fantasmas? Ben Simons é um rapaz órfão de 17 anos que vai para a casa dos tios ajudar a cuidar de sua priminha Carla após a tia ter sofrido um derrame. Apesar da infeliz situação de tia Julia, Benjamin esperava que a Colina de Darrington fosse um lugar de certa tranquilidade. O que encontra, porém, é uma trama de terror e sangue, cujo único propósito é a conquista de um poder absoluto e inimaginável por meio de forças malignas. A casa esconde segredos terríveis e sombrios. Conheça os caminhos mais tortuosos da mente humana e descubra até que ponto alguém chega para salvar a vida de um ente querido neste intrigante amálgama de suspense e terror sobrenatural. Onde termina o inferno e começa a realidade? Junte as peças e descubra. Sem dúvidas, esta é uma história para aqueles que não têm medo do escuro e de todo o mal que nele habita.</i></div>
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<i>Horror na colina de Darrington</i> é uma novela de poucas páginas e enredo intenso, feita na medida certa para ser lida de uma vez só. A narrativa em primeira pessoa, quase epistolar, se alterna em alguns momentos com matérias de jornais, relatórios policiais e até transcrições de documentário, fazendo da história uma espécie de quebra-cabeças, um mistério policial a ser desvendado. Particularmente essa é um estrutura de enredo que gosto muito, e aqui só abrilhantou o suspense do livro, seu ponto mais forte. A confusão de Ben, ao se dar conta de fenômenos sobrenaturais e dos presságios que eles anunciam, é crível e a identificação com o personagem é quase imediata, apesar do pouco que sabemos dele. E da mesma maneira, sem muitos aprofundamentos em passado (ou mesmo características físicas), é possível formar a imagem de cada um dos personagens na trama.</div>
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O número reduzido de pessoas ajuda, mas é o papel de cada um na história que define o perfil e fixa sua imagem na cabeça do leitor, e não digo isso à toa: cada evento que ocorre é um choque, um degrau de escadaria para que possamos saciar nossa vontade de ver o desfecho. Não há espaço para tergiversar, e essa concisão foi um dos pontos altos do livro. A narrativa é direta, os cenários são poucos e são poucos agentes, mas as informações são muitas, abalando a descrença de Ben e levando-o numa sequência de escolhas difíceis e contagiando o leitor por tabela.</div>
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O ponto fraco do livro são os diálogos. Apesar das falas de Carlinha serem bem construídas (que são mais fáceis de criar, por serem de uma criança pequena), o resto dos personagens segue uma linha diretiva que não oscila, e todos parecem falar e agir da mesma maneira, independente de idade, papel na trama ou sexo. O mais evidente disso está nas conversas de Ben com uma personagem feminina, da idade dele e estranhamente formal no linguajar.</div>
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<i>Horror na colina de Darrington</i> é uma história rápida para quem gosta de suspense, ação, ocultismo e teorias da conspiração. Recomendo e desejo ver mais do autor, com certeza.</div>
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Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8011980528683220899.post-21381459347686524792016-03-03T08:22:00.000-08:002016-03-03T08:22:25.513-08:00Uma reflexão estimulada<div style="text-align: justify;">
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Apesar de ter sido o gatilho que me trouxe à caixa de texto do Blogspot, o último episódio do CabulosoCast, o 162 - <a href="http://leitorcabuloso.com.br/2016/03/cabulosocast-162-para-estudar-teoria-literaria/" target="_blank">Para Estudar Teoria Literária</a>, será apenas tratado como o gerador do estímulo à minha reflexão, não tenho intenção de fazer do meu texto uma resposta ou nada do tipo. Até porque se o quisesse, seria mais honesto postar na caixa de comentários do podcast. O episódio, em sua discussão sobre o tema principal, acabou condenando o papel de crítico de algumas mídias onde os agentes são, em sua grande maioria, não profissionalizados na área de letras. Houve ressalva, no entanto, sobre a liberdade de opinião e o direito de se expressar, independente de bagagem teórica, de forma que o apontamento não foi só um ataque na modorrenta guerra entre alta e baixa literatura, que tanto se vê por aí. Esse foi o primeiro ponto que ressoou com minha decisão sobre continuar com o blog. Durante 2015 tive muita vontade de encerrar a seção "Impressões", que é praticamente a única coisa que tenho postado, para me dedicar a fazer textos mais técnicos sobre os livros, ou, ao menos, que me dessem mais confiança para chamar minha avaliação de "Resenha". Pesquisei, tive planos de terminar com este blog pessoal e partir para uma empreitada mais profissional, que casasse com a proposta dos novos textos, e então fui estudar as críticas acadêmicas. Desisti quando me dei conta do volume de estudo e trabalho me esperava, afinal escrever - livros ou posts de blog - não é meu ganha-pão; mas isso não me impediu de trazer um olhar mais contundente para a leitura, e ampliei o escopo das minhas avaliações, levando-as para o lado da estilística. Mesmo assim, não me sinto apto para chamar minhas críticas de "Resenha", então mantenho a seção "Impressões" intocada.</div>
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O segundo ponto que me trouxe até o teclado foi a própria qualidade literária, e o modo como ela é percebida na literatura de fantasia e ficção científica, que tanto tem delineado minhas escolhas de leitura. Eu não sigo a "escola ocidental" de fantasia - e nunca neguei isso. Larguei Tolkien no meio do caminho, não li Lewis, conheci poucos dos bastiões da FC. Porém sou apaixonado pelo Fengshen Yanyi, tenho Yoshiyuki Tomino como guru na área da escrita de roteiro e meu primeiro livro de fantasia foi inspirado em Hokuto no Ken, um mangá de grande sucesso da década de 80. Enquanto preciso analisar a qualidade de textos pelo padrão estabelecido no ocidente, e, já que estamos falando de Fantasia, é ainda mais fácil enumerar os critérios, uma vez que suas histórias foram se moldando por aglomeração de vários gêneros - tem os pontos de virada do Mistério, o ritmo da Aventura, a leveza do Romance, etc -, me sinto mais à vontade escrevendo por diretrizes, do que por técnica. E não quero confundir aqui meu ponto com a tipificação de "jardineiro e arquiteto", uma vez que mesmo o jardineiro vai aplicar algumas técnicas de escrita criativa depois de ter colocado seu ponto final. Por coincidência, dias atrás fiz um post no <a href="https://www.goodreads.com/author_blog_posts/9987236-sobre-escritores" target="_blank">Blog do Goodreads</a> que sintetizava a minha percepção de qualidade na literatura: seguir a técnica da forma mais refinada possível e levar o leitor ao lugar do personagem é bom, incrível, maravilhoso, mas o aspecto sublime da literatura, para o eu leitor, é quando a leitura quebra a parede do personagem, do cenário e da situação, e conecta leitor e autor.</div>
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Não estou cuspindo no prato que comi, ou até esteja, já que meu segundo livro de Fantasia é inteirinho montado em técnica de escrita criativa, me rendendo mais elogios que o primeiro, mas esta reflexão vai mais longe que o horizonte traçado até agora; é a minha forma de tentar achar meu caminho enquanto mantenho o escrever como um hobby prazeroso, ao mesmo tempo em que me desligo da visão inicial de agradar apenas a mim com meu livro finalizado. Não quero isso, nem somente agradar aos outros. Espero ter encontrado o meio termo no terceiro livro, e pretendo levar a mesma mentalidade para o quarto e um provável quinto que estou planejando.</div>
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Para encerrar, deixo em inglês a declaração de Gen Urobuchi, renomado roteirista japonês sobre o último trabalho do meu "guru inspirador" Yoshiyuki Tomino, que terminou com críticas extremamente polarizadas levantando hipóteses sobre genialidade e senilidade de Tomino, roteirista e diretor da obra.</div>
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Gen Urobuchi sobre Reconguista of G</div>
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<a href="http://pastebin.com/4R2a6SCn" target="_blank">Fonte da tradução</a></div>
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A story is a method with which one separates things into good and evil via their imagination. It is a system needed for people to keep themselves sane and deal with the unreasoning chaos of reality. Religion offers the story of salvation, for example. Likewise, morals and ethics could be defined as the most popular story of the people of the age. But while these stories are harmless as long as they're used to keep individuals calm, this changes when they're used as tools for a country or race. Stories like "jews are an inferior race that have to be purged" and "capitalists are devils and if you suicide bomb them you can go to heaven" brought about tragedies due to their popularity. For an example on a smaller scale, it's not uncommon that a story that one person regards as a "small love story" turns out to be to the world at large a kidnapping of a minor. At times, stories are a poison that can drive a person mad. This presents a dilemma to us creators: If there are infinite possibilities in writing, is it possible to write a story about the potential danger of stories? A story that renounces stories? Yes it is. Reconguista of G did it.</div>
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The villains of G-Reco are the people who take the simple event of "the Crescent Moon Ship is coming from Venus" and add their own interpretations to twist it into a story with which they can move the world. The exact same thing that dictators and cult leaders have done throughout history. Belri stops them by going along with the flow and doing his best to handle only what's in front of him. That's why there's no intentional dramaturgy to be found in the story which is shown from his viewpoint, and instead it's like reading a replay of a tabletop RPG or watching a documentary on the Discovery Channel where you're left in a vagueness free of undulations with no clear rhythm. The easiest example of someone fooled by the danger of stories is Mask. As a passionate revolutionary who seeks to free the oppressed caste of the Kuntala, he at first seems to be more of a hero than Belri, who just wanders around with no clear goal. However, in the show itself, discrimination against the Kuntala is only mentioned, and not once seen. In other words, in the world of G-Reco, discrmination against the Kuntala exists only in Mask's imagination, and this is his "story". And in order to complete said story, his forces onto Belri the roleplaying of the villain. This is solely because Belri's lineage and surroundings contain elements that would make him a good villain for Mask. That Belri doesn't respond by arguing with his old friend dramatically is what makes G-Reco amazing. In the end, Belri doesn't commit himself to a greater good or fate or anything above his personal level, and at each point in time only does what he thinks he ought to do at the moment. No matter how much his ex-friend runs around going crazy, Aida's more important to him. And at the end of this one-sided game of tag completely out of place between a robot anime's protagonist and his rival, the final episode concludes with the unthinkable, in which he just abandons the fight and runs off in his core fighter. All that's left are people who are strong enough to live without the lies of stories. They are freed from the boring curses known as "catharsis" or "conclusions" and head towards the future. When I saw the end credits I was just moved, and exlaimed " they did it!". I had been worried about the limits of storytelling, and was just thankful for this slap from a veteran creator to me. Reconguista of G made me genki.</div>
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Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8011980528683220899.post-54157237419050785542016-02-29T06:47:00.003-08:002016-02-29T09:46:17.006-08:00Impressões: Silo, de Hugh Howey<div style="text-align: justify;">
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Minhas impressões sobre <i>Silo</i>, de <b>Hugh Howey</b>:</div>
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<img src="http://ecx.images-amazon.com/images/I/61yegRe40aL._SX346_BO1,204,203,200_.jpg" /></div>
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<i>Em uma paisagem destruída e hostil, em um futuro ao qual poucos tiveram o azar de sobreviver, uma comunidade resiste, confinada em um gigantesco silo subterrâneo.</i></div>
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<i>Lá dentro, mulheres e homens vivem enclausurados, sob regulamentos estritos, cercados por segredos e mentiras.</i></div>
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<i>Para continuar ali, eles precisam seguir as regras, mas há quem se recuse a fazer isso. Essas pessoas são as que ousam sonhar e ter esperança, e que contagiam os outros com seu otimismo.</i></div>
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<i>Um crime cuja punição é simples e mortal.</i></div>
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<i>Elas são levadas para o lado de fora.</i></div>
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<i>Juliette é uma dessas pessoas.</i></div>
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<i>E talvez seja a última.</i></div>
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Em <i>Silo </i>acompanhamos a vida de uma micro-sociedade dentro de um bunker, morando há centenas de anos na estrutura autossuficiente sem saber realmente o que existe (ou se há qualquer coisa) no exterior. Após alguns eventos que exigem uma reestruturação dos cabeças, Juliette, uma moradora dos níveis mais baixos do silo acaba ocupando um dos cargos e descobrindo verdades perigosas sobre o que se passa na alta cúpula. Para ser silenciada, é enviada para o exterior - a sentença de morte - não sem antes plantar em alguns cidadãos a semente da desconfiança sobre aqueles que os governam.</div>
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<br /></div>
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Alguns elementos da narrativa relacionados a ciências aplicadas chamam atenção para o nível de precisão empregado, o que enriquece a leitura, mas no geral é uma história contada de modo lento, de progressão enfadonha e um uso duvidoso de poesia.</div>
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<i>“'O volante que abre a porta não gira', ouviu em algum recôndito de sua mente. 'É uma porca emperrada.'”</i></div>
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Acima temos uso inteligente das porcas emperradas, uma analogia coerente que reforça a personagem e situa o leitor sobre o que ocorre, porém a mesma figura simbólica é usada em várias ocasiões, deixando a impressão de que Juliette só pensa em porcas e parafusos, até quando se depara com corpos humanos. Duas repetições marcantes são o som das pisadas de botas nos degraus da escadaria e o frio do corrimão; imagens recorrentes demais, que surgem quase sempre que a escadaria que une os andares do silo entra em cena. Outros empregos esquisitos aparecem na narrativa, demonstrando pobreza de vocabulário ou, pelo menos, má tradução:</div>
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<i>"Os dois partiram apenas com uma faca, que Juliette tinha muita sorte de ainda ter. Como o objeto sobrevivera ao mergulho nas profundezas da mecânica era um mistério."</i></div>
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<i><br /></i></div>
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<i>"Ela avançou pela estufa, os galhos das plantas se tocavam no meio do caminho como se estivessem dando as mãos, e então chegou até a bomba de circulação."</i></div>
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<i><br /></i></div>
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As descrições são breves, mais voltadas para a ambientação, cheias de sensações e carentes de detalhes visuais. Mesmo os personagens principais quase não possuem características físicas. É uma maneira difícil de estabelecer personagens, mas <b>Hugh Howey</b> consegue com a maioria deles. Alguns secundários, no entanto, ficam livres para a imaginação do leitor criar do zero. No geral, a falta de descrições desemperra a leitura, muito densa por conta da narração, e alivia um pouco o texto.</div>
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<i>"O quarto dele era aconchegante e de bom gosto, com apenas uma cama de casal, mas bem-arrumado. As fazendas superiores eram apenas um dos mais de dez grandes empreendimentos privados. Todas as despesas de sua hospedagem seriam cobertas pelo orçamento de viagens do gabinete dela, e aquele dinheiro, assim como o proveniente dos outros viajantes por alimentação e hospedagem, ajudava o estabelecimento a adquirir artigos de melhor qualidade, como os belos lençóis dos teares e colchões que não rangiam."</i></div>
<div>
<i><br /></i></div>
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<br /></div>
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O trecho acima foi algo que quebrou minha visão do silo. Em realidade, o livro inteiro parece ser análogo à transição de socialismo estatal para comunismo utópico, ao menos quando se percebe que os segredos da ala da TI progressivamente caem por terra e o o enredo caminha para uma conscientização geral da população sobre o que é o silo e qual o papel de cada um para se manterem vivos num mundo em ruínas, cada qual empregando seu papel não por obrigação, mas por consideração comunitária ao bem de todos. E de repente surge esse sistema monetário que não tem explicação alguma, e ainda reforça o sistema de "castas" estabelecido pela posição geográfica dos andares do silo (quanto mais profundo é o andar, menos conforto é oferecido aos moradores). Excluindo isso, existe uma coerência muito grande na história, tanto de cenário quando na trama.</div>
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<b><br /></b></div>
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<b><br /></b></div>
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<b>O que gostei:</b></div>
<div style="text-align: justify;">
- Muitos mistérios, e apresentados de maneira a instigar a leitura.</div>
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- O conceito do cenário.</div>
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- A ambientação.</div>
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<b><br /></b></div>
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<b>O que não gostei:</b></div>
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- Muita repetição com algumas metáforas.</div>
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- Alguns personagens passam em branco, não têm nem descrição física.</div>
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- Ritmo lento.</div>
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<b><br /></b></div>
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<b><br /></b></div>
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<b>Considerações finais:</b></div>
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Silo logrou sucesso em me fazer terminar um livro de ficção científica, mas não sem alguns percalços. A história é lenta e é difícil pegar todos os personagens secundários - que só ganham papel ativo mais para o final - mas a história é interessante e os diversos mistérios vão puxando o leitor pelas páginas, de forma que quase todo capítulo termina com um clifhanger. Vale a pena para quem busca uma ficção científica cheia de suspense.</div>
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<br /></div>
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<br /></div>
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<b>Link para compra:</b></div>
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<a href="http://www.amazon.com.br/gp/product/8580574730/ref=as_li_tl?ie=UTF8&camp=1789&creative=9325&creativeASIN=8580574730&linkCode=as2&tag=ideidematextd-20&linkId=JZYMZ7ZAGCESCNZG">Silo</a><img alt="" border="0" src="http://ir-br.amazon-adsystem.com/e/ir?t=ideidematextd-20&l=as2&o=33&a=8580574730" height="1" style="border: none !important; margin: 0px !important;" width="1" />
</div>
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<br /></div>
Unknownnoreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-8011980528683220899.post-11891820750228051692016-02-23T10:23:00.001-08:002016-05-02T10:09:19.627-07:00TRILOGIA: A LANÇA DOURADA<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
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A Lança Dourada é uma trilogia de fantasia formada por 3 livros independentes: <i>O homem sem signo</i>, <i>A pedra celestial</i> e <i>O desejo do sol</i>. Com cada um se passando em uma época diferente, com personagens diferentes e tramas com início, meio e fim, todos compartilham o mesmo universo fantástico, que só pode ser realmente compreendido com a leitura de todos os volumes. No primeiro, a construção do mundo se dá em torno do mito de Sauza e os filhos do zodíaco, arautos do poder celeste, enviados por Sauza para cuidar de Maciaan. No segundo, a construção de mundo é feita a partir do mito da Ligeia e seus filhos, cuja influência atinge a distante ilha Namal-te-Raan. No terceiro livro, o encontro das duas crenças resulta na busca de uma salvação para Maciaan, ameaçada por uma força que permanece desconhecida para a população, mas que mostra seus sinais para uns poucos, privilegiados com poder celeste.</div>
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<br /></div>
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Além dos três livros (entre os quais há um dividido em dois volumes, o segundo ainda a ser lançado), há o conto <i>A herança do Professor Duncan</i>, que expande geograficamente Maciaan para os lados ocultos das Montanhas do Leste.</div>
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<br /></div>
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<br /></div>
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<br /></div>
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<b>- Capas, informações e sinopses -</b></div>
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<br /></div>
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<br /></div>
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<br /></div>
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<b><i>O homem sem signo</i></b> (13 de dezembro de 2012)</div>
<div style="text-align: justify;">
<a href="http://a.co/8zN7xjd" target="_blank">Amostra do livro</a><br />
<a href="http://homemsemsigno.tumblr.com/" target="_blank">Resenhas</a><br />
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<img src="http://ecx.images-amazon.com/images/I/41w1zEvgL8L._SX350_BO1,204,203,200_.jpg" /></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Fantasia sombria, disponível em formato impresso com o autor e em ebook em <a href="http://www.amazon.com.br/dp/B00ANYE716" target="_blank">AMAZON</a>.</div>
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<br /></div>
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No mundo de Maciaan as pessoas crescem ouvindo lendas sobre centauros, gigantes e misteriosos monstros do mar. De todas as criaturas fantásticas, os mais perigosos são os filhos do zodíaco, humanos que carregam em suas costas a marca da constelação que guia suas ações. O pai de Amato é o filho de Capricórnio e carrega consigo uma terrível maldição. Em O homem sem signo, acompanhamos o crescimento de Amato e sua luta para quebrar a maldição do pai, que só pode ser desfeita com a morte dos outros onze filhos do zodíaco. Para encontrar os seus alvos, Amato precisará viajar para os lugares mais longínquos, lutar contra rebeldes, digladiar em arenas e provocar guerras entre reinos. A vontade do herói é posta à prova quando grandes amigos se revelam filhos do zodíaco, e a decisão de salvar o pai não parece mais tão correta. Mergulhe nesse mundo fantástico e descubra quem é o homem sem signo.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<b><i>A pedra celestial</i></b> (31 de dezembro de 2013)</div>
<div style="text-align: justify;">
<a href="http://a.co/0ZtHGCS" target="_blank">Amostra do livro</a><br />
<a href="http://apedracelestial.tumblr.com/" target="_blank">Resenhas</a><br />
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<img src="http://ecx.images-amazon.com/images/I/51IseFaXTfL._SX341_BO1,204,203,200_.jpg" /></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
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Fantasia infanto juvenil, disponível em ebook em <a href="http://www.amazon.com.br/dp/B00HNAZN9I" target="_blank">AMAZON</a>.</div>
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Após anos do desaparecimento do homem sem signo, Ivan, um jovem errante que esconde seu passado, se une à tripulação do Capitão Balboa numa viagem marítima em busca de riquezas escondidas. Superando diversos obstáculos, a longa viagem finalmente leva os marinheiros até Namal-te-Raan, uma ilha misteriosa e tropical, cujos segredos são mais valiosos que qualquer moeda de ouro ou prata. Acompanhe Ivan na aventura que revelará toda a história de como o mundo foi privado do seu equilíbrio natural desde épocas imemoriais e descubra a importância e a razão da existência do maior de todos os enigmas: a Pedra Celestial.</div>
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<b><i>O desejo do sol - Volume I</i></b> (12 de fevereiro de 2016)<br />
<a href="http://a.co/jirIaWP" target="_blank">Amostra do livro</a><br />
<a href="http://odesejodosol.tumblr.com/" target="_blank">Resenhas</a></div>
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<img src="http://ecx.images-amazon.com/images/I/51axbnvEERL._SX331_BO1,204,203,200_.jpg" /></div>
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Fantasia adulta, disponível em ebook em <a href="http://www.amazon.com.br/dp/B01AR553CM" target="_blank">AMAZON</a>.</div>
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Quando um homem alado aparece no templo celeste do Cesaro, uma estranha profecia ameaça mudar para sempre a vida em Maciaan. Há décadas sem serem vistos, uma nova leva de caídos do céu surge, e Vasto, o filho de Áries, acredita ser o centro da mudança vaticinada. Sem recursos nem maneiras de ser levado a sério, ele parte em uma jornada para reunir os doze filhos do zodíaco e concretizar o seu destino. </div>
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Em meio a intrigas políticas e viagens conturbadas, o mito de um herói nasce, mas qual é seu verdadeiro papel? A prometida salvação é o que todos desejam? Neste épico de fantasia, nem tudo é o que parece, e um homem sozinho precisará convencer todos de que é possível derrotar uma ameaça invisível e silenciosa de poder ancestral, se todos se unirem sob uma vontade superiora: o desejo do sol.</div>
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<i><b>A herança do Professor Duncan</b></i> (6 de julho de 2015)</div>
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<img src="http://ecx.images-amazon.com/images/I/51CtY2Y9jrL._SX311_BO1,204,203,200_.jpg" /></div>
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Terror, disponível em ebook em <a href="http://www.amazon.com.br/dp/B0113G6XP0" target="_blank">AMAZON</a>.</div>
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Daniel Monteiro narra, com ares de horror psicológico, a viagem de um jovem que parte numa busca perigosa para um destino desconhecido e vê sua sanidade se restringir à mais primordial e frágil emoção: a esperança. </div>
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Um conto com inspiração na escrita de H. P. Lovecraft e ambientado em Maciaan, universo fantástico da trilogia A Lança Dourada.</div>
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Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8011980528683220899.post-33760714591539806632016-02-20T12:03:00.001-08:002016-02-20T13:03:48.779-08:00Impressões: O mistério da estrela - Stardust, de Neil Gaiman<div style="text-align: justify;">
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Lá vem ele: meu ídolo nos quadrinhos e minha montanha-russa literária, cheia de altos e baixos, <b>Neil Gaiman</b>! Estou decidido a aumentar o número de livros lidos do <b>Gaiman</b>, e no começo do ano peguei <i>O mistério da estrela: Stardust</i> para ler. Segue a capa e sinopse.</div>
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<img src="http://ecx.images-amazon.com/images/I/41n0s9-KE9L._SX329_BO1,204,203,200_.jpg" height="400" width="265" /></div>
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<i>Tristran ama a jovem mais bela do vilarejo de Muralha. Para ser correspondido, ele atende aos caprichos da moça e lhe faz uma promessa quase impossível de cumprir. Uma estrela cadente que ambos vêem cair do céu valerá a mão de Vitória em casamento.</i></div>
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<i>A determinação de trazer a estrela para o vilarejo fará com que o rapaz burle todas as regras e siga para a Terra Encantada, onde supostamente a estrela está. Então, Tristran se vê cercado por piratas voadores, gnomos guerreiros, bruxas esquisitas e sedentas por beleza e princesas do mal. Um mundo de magia está diante dele e tem início um conto de fadas surpreendente e nada convencional.</i></div>
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<i>Neste lugar, os caminhos podem ser belos e sombrios, tristes e alegres, suspeitos e óbvios, mas sempre cheios de segredos. E todos, não só Tristran, estão em busca daquela que parece guardar a solução para todos os problemas do reino mágico. Acontece que a estrela está triste e sem esperança. O maior desafio do jovem apaixonado, então, será fazer a estrela brilhar novamente.</i></div>
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A leitura foi difícil, MUITO difícil. Eu cogitei abandonar o livro várias vezes porque não me sentia compelido a continuar. É até estranho constatar isso em uma obra com tantos lampejos de talento ímpar, mas apenas de natureza estilística. <b>Gaiman </b>é um escritor delicado, mestre em gerar símbolos na narrativa e tornar vívidas as emoções dos seus personagens, isso é inegável. A voz então, é talhada de maneira tão natural, que o texto dele se revela em dois, três parágrafos no máximo. Não há como se enganar sobre a autoria do que ele faz. Mas isso não tornou <i>Stardust </i>uma história boa. Porque todo o resto faltou.<br />
<br />
A proposta do livro é ser um conto de fadas para pessoas adultas, e com conhecimento disso, é até possível entender certos aspectos da narrativa, mas é imperdoável precisar sabê-lo para que o enredo se sustente. Quando não se aceita a proposta como muleta, os referidos "aspectos" se mostram verdadeiros defeitos, barreiras, enfim, INCÔMODOS que persistem do início até a última página. Informações soltas, caprichos, personalidades incompatíveis, tudo isso e um pouco mais será visto em <i>Stardust</i>, muito bem amarrado por construções frasais belíssimas e caracterizações que transbordam expertise de um veterano das letras.</div>
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"Vaza de Scaithe é um pequeno porto marítimo, construído sobre granito, uma cidade de carpinteiros, fabricantes de velas de cera e de velas para embarcações; de velhos marujos com membros e dedos faltando que abriram tabernas próprias ou que passam o dia nelas, com o que restou de seu cabelo ainda preso com breu em rabos compridos, mesmo que a barba por fazer em seu queixo já há muito esteja salpicada de branco. Não há prostitutas em Vaza de Scaithe, ou não há nenhuma mulher que se considere prostituta, apesar de sempre ter havido muitas que, sob pressão, se descreveriam como muito bem casadas, com um marido neste navio que pára aqui de seis em seis meses e outro naquele outro navio que volta ao porto por cerca de um mês, de nove em nove meses."</div>
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<br /></div>
Acima são palpáveis alguns elementos que corroboram a minha reclamação, bem como meus elogios. Em um parágrafo de descrição de cenário, podemos dizer que conhecemos Vaza de Scaithe, porque a mensagem mexe conosco e com o que conhecemos da nossa vida pessoal; ao mesmo tempo, numa leitura mais analítica, o leitor também conclui que a descrição de Vaza de Scaithe é absolutamente NULA. Tudo que se forma na mente sobre o local se dá através de emoções e preconceitos gerados pela simbologia do parágrafo. Quase nada é dito, não há definição na descrição do cenário.</div>
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"— Para dizer a verdade — disse Tristran —, espero passar o resto de minha vida como criador de ovelhas no lugarejo de Muralha, porque me parece que já passei por todas as emoções de que um homem poderia precisar, seja pelo acontecido com velas e árvores, seja pela moça e pelo unicórnio. Mas aceito o convite com o mesmo espírito com que foi feito e sou grato por ele. Se você algum dia chegar a visitar Muralha, deverá ir à minha casa, e eu lhe darei roupas de lã, queijo de ovelha e todo o ensopado de carneiro que conseguir comer."</div>
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<br /></div>
Essa fala eu precisava deixar aqui. Exemplifica toda a minha irritação com os diálogos do livro. Não é como os roteiros de <i>Malhação </i>do <b>Brandon Sanderson</b>, se assemelha mais à estrutura de diálogo usada muito por <b>Dostoiévski</b>; isso é bom? Depende do leitor, mas certamente não é o adequado. O discurso extrapola sinteticamente a sua função, fazendo o papel de inciso, uma técnica avançada e que exige muita perícia. E <b>Gaiman </b>faz corretamente o uso <u>no texto</u>, QUE INFELIZMENTE NÃO SE AJUSTA <u>AO LOCUTOR</u>. Tristran não tem a determinação, o background ou sequer passa a impressão de ser o tipo de gente que se expressaria de tal forma. A naturalidade se perde, e mais um choque se dá durante a leitura.</div>
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"Cuidado onde pisa, cuidado onde pisa — repetiam as gotas de chuva ao bater na pedra. O unicórnio parou a cinqüenta passos da estalagem e se recusou a se aproximar mais. A porta da frente estava aberta, inundando o mundo cinzento com sua aconchegante luz amarela."</div>
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<br /></div>
Acima, uma das passagens do livro que me seguraram - os trechos de construção coerente, narrativa simples e simbologia forte. Três linhas que valem mais que muito curso de escrita por aí. Detalhes como esse, proporcionados por destreza com as palavras, e não por aspirações narrativas, não fizeram o livro cair na lista de abandonados.</div>
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"Ali havia uma série de rostos que Tristran reconheceu, e as pessoas o cumprimentaram em silêncio, ou sorriram, ou não sorriram, à medida que ele atravessava a multidão e subia pela escada estreita por trás do balcão até o patamar, com Louisa sempre a seu lado. As tábuas rangiam sob seus pés. Louisa lançou sobre ele um olhar penetrante. E então seus lábios tremeram. E, para surpresa de Tristran, ela o enlaçou e o abraçou com tanta força que ele não conseguia respirar. Depois, sem dizer mais uma palavra, ela desceu correndo a escada de madeira."</div>
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<br /></div>
O exemplo mais perfeito que achei de narrativa dissonante. As informações mais jogadas que pedras em doido varrido, em suas frases curtas e diretas, mas que possuem efetividade justamente pelas sensações que as mesmas invocam. Rostos reconhecidos, cumprimentos em silêncio, multidão, escada estreita, tábuas rangindo, olhares penetrantes e lábios tremidos. Uma coisa sustenta a outra, mas não se compensam, justamente pelos efeitos contrastantes. Normalmente essa é uma técnica de introdução, e de uso breve, mas ele a usa para um desfecho (anti-climático, ainda por cima!). Eu quero muito acreditar que o "sem dizer mais uma palavra" tem o segundo sentido de referenciar o próprio narrador quanto ao parágrafo, pois eu posso pelo menos aceitar isso como uma sacanagem cômica/literária.<br />
<br />
Eu não vou elencar os pontos positivos e negativos do livro porque não estou encarando o post como recomendação (ou não) do livro, é mais um registro pessoal da minha experiência para futura consulta. Então vou encerrar de repente o meu texto, para dar uma de <b>Neil Gaiman</b> na época que escreveu essa aberração.<br />
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PS: Tive raiva também quando o safado encerrou com uma conversinha compreensiva a perseguição da vilã sanguinária aos heróis, mesmo depois de todo o ocorrido, mas pelo menos, a esta altura do livro, houve a jogadinha da "união dos domingos" para dar um toque de inteligência à trama. Já que a vontade de <b>Gaiman </b>era misturar o mundo adulto com o infantil nesse conto de fadas provocativo... Bom, ele teve sucesso: a dicotomia ficou evidente, ficou GRITANTE.</div>
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Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8011980528683220899.post-18860287791139011962016-02-13T04:22:00.000-08:002016-02-13T04:29:38.670-08:00Abandonei: Garota exemplar, de Gillian Flynn<div style="text-align: justify;">
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<img src="http://ecx.images-amazon.com/images/I/41oa7a71b4L._SX346_BO1,204,203,200_.jpg" height="400" width="278" /></div>
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O primeiro abandono de 2016 é do premiado livro que virou filme hollywodiano e encheu as cadeiras dos cinemas. Não tenho muito a dizer; é um livro bom, mas que não gerou interesse em mim, que já tinha visto o final da história através do filme. Parei em 43% do ebook, a narrativa é fluída, em primeira pessoa no passado, tanto para Nick quanto para Amy, embora no caso dela, haja algumas liberdades textuais pela narração ser passada por um diário (coisas como tópicos numerados aparecem, como se escritas numa página de caderninho mesmo). O mérito do livro está na mudança de voz, que é esplêndida! Cada personagem é caracterizado pela sua fala, seja na narração dos dois ou nos diálogos. Acabei pegando raiva dos personagens; Nick desde o início se revela um bundão sem graça e com pouca atitude, dando um papel mais ativo à Amy, mas com a progressão do livro fica claro que ambos são apenas crianças mimadas que querem ser o centro do relacionamento e não estão dispostos a dar o braço a torcer. Outra coisa que notei é uma particularidade na escrita que muito me deixa incomodado e que por puro preconceito (e por não saber explicar melhor) digo que é a voz novaiorquina da literatura. Preconceito porque não sei nada sobre a autora, mas tive a mesma sensação quando li (fui obrigado) <i>Comer, Rezar, Amar</i>, de <b>Elizabeth Gilbert</b>.</div>
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É, fico com o filme.</div>
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Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8011980528683220899.post-11146344325303930212016-02-02T05:56:00.001-08:002016-02-02T05:58:05.462-08:00Impressões: O andarilho das sombras, de Eduardo Kasse<div style="text-align: justify;">
A segunda leitura do ano é cruel e sanguinolenta: <i>O andarilho das sombras</i>, do autor <b>Eduardo Kasse</b>. Vamos à capa e sinopse:</div>
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<img src="http://ecx.images-amazon.com/images/I/A1en1RQGlHL.jpg" height="400" width="266" /></div>
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<i>No romance O Andarilho das Sombras, primeiro volume da série Tempos de Sangue, Eduardo Kasse conta uma história instigante de como escolhas e uma promessa maliciosa criaram um grande mal.</i></div>
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<i>Para salvar a vida de quem amava, Harold Stonecross sacrificou sua alma em um jogo de poder entre deuses decadentes e se tornou um demônio em busca de sangue.</i></div>
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<i>Nesta fantasia sombria, entre lendas esquecidas, dogmas e mitos, Harold narra passagens de sua longa existência, repletas de conexões com tempos imemoriais, enquanto caminha pelas ruelas escuras e imundas da Europa da Idade das Trevas.</i></div>
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<i>Sedutor e fatal, Harold fez do mundo o seu palco. Em sua atuação, a História escrita pelos homens confunde-se com as histórias de terror contadas pelos mais velhos. Nobres, sacerdotes, homens comuns, não importa: sempre haverá um rastro de sangue após as cortinas baixarem.</i></div>
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A sinopse é bem temática, e o pouco da trama que ela revela é condizente com a história do livro, apesar de ser só um raspão na longa jornada de Harold Stonecross. A verdade é que acompanhamos as vidas de dois Harolds, um é o vampiro de características clássicas, sustentadas pelos pilares do mito original, o outro é um humano comum, que cresce, teme, chora, ri e vive como todos os outros. As narrativas são contadas de maneira linear, entrelaçadas por sutis mudanças de espaço e tempo, e acaba sendo um bom exercício de percepção para o leitor; seguir o rastro de sangue de Harold se torna mais divertido quando temos os flashbacks mostrando o crescimento do esperançoso Harry. A seguir deixo um exemplo de retomada da linha de tempo do vampiro, após uma seção contando parte da vida do garoto Harry:</div>
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<br /></div>
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"Cavalguei por algumas milhas e longe no horizonte surgiu uma muralha de terra e de pedra. Cidades muradas costumavam ter boas casas para se alugar ou mesmo para comprar. Depois de dormir em uma carroça e em uma cabana, ter algo mais sólido seria ótimo."</div>
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<br /></div>
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Para ajudar o leitor, o parágrafo informa que antes da interrupção houve longa cavalgada e que Harold dormiu em uma carroça e depois em uma cabana, o que é suficiente para lembrar o leitor em que pé estava a história.</div>
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<br /></div>
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A narração é em primeira pessoa e as duas linhas de tempo são narradas no passado, o que gerou algumas dúvidas na minha leitura, como por exemplo a ampla percepção do narrador aos eventos que ocorrem ao redor de si, mesmo quando ele ainda não era um vampiro com sentidos super aguçados, mas nada que atrapalhe a coerência da história ou fluidez do texto. As cenas são muito longas, no geral, e OADS não é um livro para se ler picotado em viagens de ônibus ou metrô, exige dedicação e tempo livre, mesmo a quem decide ler um capítulo por vez. Isso se deve ao tamanho da história, mas também ao belíssimo trabalho descritivo, que não é massante, porém repito: é quase sempre longo. Um exemplo simples de como um parágrafo sucinto de <b>Eduardo Kasse</b> pode explicar muita coisa:</div>
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<br /></div>
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"Os quatro garotos correram sem olhar para trás, escorregando nas ruas cobertas pelo barro úmido devido ao dia chuvoso. Ao chegar à frente do torreão da face leste da muralha, Edgar e o garoto de nariz torto seguiram para um beco ao lado da taverna St. Mary. O gorducho, com passos curtos e pesados, entrou em uma velha casa nos fundos de uma pequena igreja de pedra e madeira, dedicada a São Eduíno."</div>
</div>
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<br /></div>
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Como o texto mostra, a linguagem de <b>Eduardo</b> é direta e sem firulas rebuscadas, uma boa escolha para dar agilidade a textos densos. Nem por isso ele exclui a linguagem figurada, e às vezes nos deparamos com belas passagens, como a seguir:</div>
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<br /></div>
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"Se cada lágrima chegar ao céu, esse já virou um mar."</div>
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<br /></div>
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Os personagens dão o tom na narrativa, se estamos com Harold, as sombras e a perdição noturna domina, se estamos ao lado de Harry, há mais aventura e indecisão; mas, em ambos os casos, predomina o exagero e as grandes expressões na delineação de personagens. A sensualidade transborda, o medo engole, a feiura enoja, a beleza enaltece. Tudo é puxado ao máximo nas características, e se o leitor não percebe isso de imediato, pode ficar frustrado mais para frente com a caracterização, e achar até estereotipado. É importante ver também que mesmo a fase de Harry é narrada pelo Harold que sucumbiu, então nem os momentos amenos do livro dispersam a atmosfera negativa que o vampiro nos impõe. A impressão que fica é estar lendo algo inspirada na segunda geração romântica da literatura brasileira.</div>
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<br /></div>
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Apesar das longas passagens, eu não via como criticar o ritmo até chegar na metade da leitura. Foi o ponto em que já estava cansado de acompanhar o vampiro insosso que nada teme e sofre além da própria lamentação pela imortalidade. Para minha sorte, o jovem Harry aparece mais na segunda metade do livro e não precisei dar um tempo na leitura, mas, ainda assim, me cansava ao ver novamente menções a coração imortal e seios intumescidos de jovens vítimas. Ficou muito repetitivo e modorrento acompanhar o vampiro Harold, e só bem no final do livro é que a linha do tempo dele retoma algum brilho (talvez tarde demais).</div>
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<br /></div>
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<b>O que gostei:</b></div>
<div style="text-align: justify;">
-Linguagem que prende o leitor.</div>
<div style="text-align: justify;">
-Ótimas descrições.</div>
<div style="text-align: justify;">
-As linhas de tempo intercaladas foram bem estruturadas.</div>
<div style="text-align: justify;">
-Gostei da grande quantidade de personagens e do papel deles no enredo.</div>
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-A ambientação é o ponto forte do livro. Para quem gosta de vampiros tradicionais, é uma leitura recomendada.</div>
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<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<b>O que não gostei:</b></div>
<div style="text-align: justify;">
-A vida de Harold enquanto vampiro se torna desinteressante.</div>
<div style="text-align: justify;">
-A visão negativa de Harold impregnou a narração da linha de tempo pré-renascimento, deixando os momentos divertidos do livro com uma pontinha de chatice.</div>
<div style="text-align: justify;">
-A unidimensionalidade da maioria de personagens é quase que aplicada a classes. Todo o clero é corrupto, todo camponês é simplório, toda mulher é uma presa sensual para Harold. Entendo a função disso na trama, mas gerou previsibilidade.</div>
<div style="text-align: justify;">
-Deus Ex Machina ABSURDO no final do livro para salvar o herói que não é herói coisa nenhuma.</div>
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<br /></div>
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<b>Considerações finais:</b></div>
<div style="text-align: justify;">
Com um trabalho literário excepcionalmente bem feito, mas que se alongou demais e se repetiu algumas vezes, <b>Eduardo Kasse</b> inicia sua saga vampírica de forma densa. <i>O andarilho das sombras</i> é fruto de um trabalho lapidado e traça uma linha reta mostrando o que é e para onde vai; quem se identifica com a direção, poderá ler sem medo de se decepcionar.</div>
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<br /></div>
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<br /></div>
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Unknownnoreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-8011980528683220899.post-75284641319122315172016-01-08T15:39:00.000-08:002016-01-08T15:42:35.023-08:00Impressões: O espadachim de carvão, de Affonso Solano<div style="text-align: justify;">
Começando o ano com uma resenha de autor nacional! 2016 promete!</div>
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Vamos à capa, sinopse e minhas impressões, sem enrolação. </div>
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<img src="http://ecx.images-amazon.com/images/I/51JBVh4vhDL.jpg" /></div>
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<br /></div>
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<i>KURGALA É UM MUNDO abandonado por Quatro Deuses. Adapak é filho de um deles. E agora ele está sendo caçado. Perseguido por um misterioso grupo de assassinos, o jovem de pele cor de carvão se vê obrigado a deixar a ilha sagrada onde cresceu e a desbravar um mundo hostil e repleto de criaturas exóticas. Munido de uma sabedoria ímpar, mas dotado de uma inocência rara, ele agora precisará colocar em prática todo o conhecimento que adquiriu em seu isolamento para descobrir quem são seus inimigos. Mesmo que isso possa comprometer alguns dos segredos mais antigos de Kurgala.</i></div>
<div>
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<br /></div>
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<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Essa foi uma das histórias que mais enrolei para ler em 2015, apesar de sempre levantar o olho para as várias menções feitas a ele na internet. Por isso, quando entrei em Kurgala já sabia mais ou menos o que esperar, em se tratando de como o autor trabalhou sua história. E eu, esperando o inesperado que todos alardeavam em suas resenhas, o encontrei. O autor toma o caminho inteligente de formar um mundo de fantasia que é só seu, e a jornada desbravadora do leitor se torna muito mais genuína, sem orcs, vampiros ou quaisquer figuras ficcionais que já povoam o imaginário do acostumado com livros de fantasia. Kurgala é, para início de conversa, um mundo novo. Isso agrada por um lado, mas cria dificuldades por outro.</div>
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<br /></div>
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O enredo é simples, a sinopse não foge muito do que a história trata do começo ao fim: um rapaz de 18 anos ingênuo (até demais, na maioria das vezes) fugindo de perseguidores e conhecendo personagens e lugares durante sua busca para saber o motivo de estar sendo caçado. Sem surpresas por aqui. Da narrativa, entretanto, há muito o que falar. É não linear - intercalando a fuga de Adapak com flashbacks que apresentam pessoas e interações entre personagens - e bastante fluída, facilitando o entendimento e empregando velocidade à leitura. Porém nem tudo é um mar de rosas, a narrativa peca em alguns momentos, por má construção de frase e estilo ou mesmo pela voz narrativa, que foi prejudicada pela estranheza absoluta de Kurgala. Eis alguns exemplos:</div>
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<br /></div>
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"Jarkenum dormia profundamente na cama ao lado, banhado pela iluminação parca que a pequena janela alta da cela"</div>
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"O sol da manhã dava boas-vindas aos três ocupantes do veículo, que rumavam para a grande ilha central"</div>
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"Um cinzeiro de barro jazia virado no chão, espalhando cinzas nunca varridas"</div>
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"O vento salgado do mar não era forte o suficiente para afastar completamente o cheiro de morte"</div>
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<br /></div>
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"Você é uma verdadeira peça mesmo, garoto. Eu não sei como são as coisas na “terra das pessoas de carvão” – ele debochou, fazendo aspas com os dedos"</div>
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<br /></div>
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"Temos que subir! – o espadachim gritou para o humano de cabelos longos, que estava vidrado no fenômeno. – Essa coisa vai nos engolir!!!"</div>
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<br /></div>
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"dobrando e redobrando a coluna violentamente, como um peixe sufocando fora d’água"</div>
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<br /></div>
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"EM SEUS BREVES 4 ciclos de vida, Adapak só havia conhecido uma caverna antes, quando Barutir Ob o levou para caçar capingus próximo às cachoeiras de Thal, oito meses atrás"</div>
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<br /></div>
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"pois o dinheiro da venda não duraria mais de dois anos, parece"</div>
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<br /></div>
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As primeiras quatro citações demonstram trechos que poderiam ser melhor trabalhados. A primeira é uma sentença simples, porém alongada por adjetivos e advérbios que não acrescentam relevo à escrita. A segunda tem um aposto mal colocado, que não está incorreto, mas provoca estranhamento na conjugação do verbo. As duas seguintes são frases mal feitas: cinzas derramadas no chão claramente nunca foram varridas, e o "cheiro de morte" seria afastado "por completo" por um vento "forte o suficiente"? Esquisito.</div>
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As cinco citações seguintes foram mais graves para mim, pois comprometem a própria coerência de Kurgala e do narrador. Como pode um mundo totalmente novo, com escrita diferente, linguagem diferente, colocar o gesto de aspas para simbolizar ironia? Ou mesmo usar a gíria "vidrado"? E, ainda mais, citar peixes tão despreocupadamente? Será que o narrador se subtraiu de Kurgala e veio para a Terra nos contar a história? Nas duas últimas citações, vemos o sistema de contagem de tempo, com ciclos substituindo anos, se confundir com a menção a meses e (olhe só!) anos. A empreitada tão ambiciosa de inovar tudo na construção de mundo poderia ter sido mais criteriosa na revisão; esses últimos erros são graves.</div>
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<br /></div>
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As descrições são muito boas, mas descompassadas com o ritmo da história. Em certos momentos, informações novas são adicionadas ao fim de uma cena, causando certa frustração com o leitor e sua imaginação. Acontece tanto com cenários quanto com personagens de fisiologia fictícia, e é mais prejudicial no último caso:</div>
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<br /></div>
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"Eles eram humanos de pele bege variando entre 30 e 40 ciclos de idade, vestindo armaduras justas de couro castanho-escuro e sem insígnias. Tinham rostos marcados pela vida bruta, com olhos acostumados à violência"</div>
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<br /></div>
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Aqui a descrição é satisfatória para descrever personagens genéricos, não há o que acrescentar, mas essa mesma vaguidão é aplicada para descrever raças imaginadas, e aí mesmo o personagem mais genérico precisa de detalhes. Na primeira cena do livro, Adapak luta contra inimigos com descrições vagas, e peças cruciais da luta são mostradas como um faz de conta pueril, descrevendo novos membros e armas no momento em que são usados/atingidos. Esses golpes, por mais precisos que sejam, Adapak, são decepcionantes para o leitor. Um simples infográfico desenhando as raças de Kurgala bastaria no começo do livro.</div>
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<br /></div>
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Os personagens são poucos e memoráveis (ainda que seus nomes não sejam), com trejeitos e maneiras particulares de falar, o que serve de força motriz para a aventura e prende o leitor no ótimo ritmo do livro.O destaque fica com Adapak, não há tempo nem dinâmica que possa desenvolver os demais.</div>
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<br /></div>
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<b>O que gostei:</b></div>
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- Linguagem direta, fluída e com bom ritmo.</div>
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- Estrutura não linear do enredo.</div>
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- Personagens.</div>
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- Ambientação e criação do mundo.</div>
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<br /></div>
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<b>O que não gostei:</b></div>
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- O itálico tem várias funções na escrita do livro, e causam confusão pela padronização, que podia ser esclarecida com o uso de aspas ou hífen em alguns de seus usos.</div>
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- A confusão do narrador que não se manteve estritamente em Kurgala, prejudicando a suspensão de descrença.</div>
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- Nomes bizarros de personagens, raças, lugares e tudo mais.</div>
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- A ingenuidade de Adapak é irritante, às vezes.</div>
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<b>Considerações finais:</b></div>
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Mesmo com as ressalvas, <i>O espadachim de carvão</i> conseguiu me prender do começo ao fim, sem entraves e com uma narrativa despretensiosa que me deixou interessado, junto a Adapak, pelos mistérios de Kurgala, tanto os urbanos e corriqueiros quanto os secretos e ancestrais.</div>
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Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8011980528683220899.post-81903420187690160572015-12-28T15:35:00.000-08:002015-12-29T15:37:58.985-08:00Lista de livros para o primeiro semestre de 2016<br />
Atualmente estou lendo O andarilho das sombras, Stardust: o mistério da estrela e O espadachim de carvão. Em 2016, terão como possibilidades de leitura (100%) os seguintes livros não lidos de 2015:<br />
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<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgsKd-zMq-ALhg1_lr1KsNQtyCP67nLrKTjF6RVNQFO7MDPekv1cucoLWNWLGEIS_0RlbcY-dM8gp6XmM80_8gLADArMXvYdM8JmVoiktMUVsurZJGB3i0yFL_5HnaEue1ZXZgQR6d4aLbl/s1600/livros+2015.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="544" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgsKd-zMq-ALhg1_lr1KsNQtyCP67nLrKTjF6RVNQFO7MDPekv1cucoLWNWLGEIS_0RlbcY-dM8gp6XmM80_8gLADArMXvYdM8JmVoiktMUVsurZJGB3i0yFL_5HnaEue1ZXZgQR6d4aLbl/s640/livros+2015.png" width="640" /></a></div>
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E a lista criada especificamente para 2016 é:<br />
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<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiRdngrhpad3bG3qohkuVFQ1X3iD9bbwCDHXagMJB5ZPahBjyPxuTjEfI_XjdQM7eAMlyceTRFXAeskyEU1IesQYiLjVriym8PXN-pRFEdSv1cJSZ0DqP9Z_HhQO-ZlR6q4atblfv3L75nb/s1600/ssf.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="358" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiRdngrhpad3bG3qohkuVFQ1X3iD9bbwCDHXagMJB5ZPahBjyPxuTjEfI_XjdQM7eAMlyceTRFXAeskyEU1IesQYiLjVriym8PXN-pRFEdSv1cJSZ0DqP9Z_HhQO-ZlR6q4atblfv3L75nb/s640/ssf.png" width="640" /></a></div>
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Sonho Febril - George R. R. Martin<br />
Republica de ladroes - Scott Lynch<br />
O Temor Do Sábio - Patrick Rothfuss<br />
O Homem Pintado - Peter V. Brett<br />
O gigante enterrado - Kazuo Ishiguro<br />
O Corvo - Edgar Allan Poe<br />
O Aprendiz De Assassino - Robin Hobb<br />
Jonathan Strange e Mr. Norrell - Susanna Clarke<br />
Belas Maldicoes - Neil Gaiman<br />
Admiravel Mundo Novo - Aldous Huxley<br />
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<br />Unknownnoreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-8011980528683220899.post-83583745485990178102015-12-26T11:06:00.002-08:002015-12-27T05:20:57.139-08:00Impressões: Contos para ler na fila de espera<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
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Para concluir meu desafio no goodreads, selecionei contos bem curtinhos para comentar, me aproveitando da assinatura do serviço Kindle Unlimited. Com exceção do conto do Eduardo Kasse, todos são minicontos que podem ser lidos numa fila de espera de supermercado.</div>
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<img src="http://ecx.images-amazon.com/images/I/711L0apul6L._SL1500_.jpg" height="400" width="250" /></div>
<br /></div>
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Quatro Heróis e um Bardo contra a Realidade Medieval, de Rodrigo Assis Mesquita, é conto de comédia muito bem humorado e cheio de tiradas anacrônicas que zomba da nossa sociedade com classe, sem perder o charme medieval imposto pelo cenário. Quem gosta de humor nonsense, estilo adult swim, vai gostar (a história poderia ser facilmente adaptada para um esquete deste show).</div>
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<img src="http://ecx.images-amazon.com/images/I/81JvghFnrQL._SL1500_.jpg" height="400" width="270" /></div>
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O último sol poente, de Eduardo Kasse, segue a linha de apresentação dos imortais vampíricos, neste caso se tratando de um japonês. O primeiro terço do conto foi bastante confuso, por ser muito puxado para ação e apresentar personagens com nomes japoneses de difícil memorização. Transposta esta primeira parte, a narrativa segue mais calma e é possível assimilar melhor quem é quem e seus papéis na trama, de forma que a narrativa se torna belíssima ao final, e a escrita mantém o padrão de qualidade que eu esperava; especialmente nas descrições. A forma do autor trabalhar o sensorial é de uma técnica apuradíssima, sinal de grande talento e trabalho duro.</div>
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<img src="http://ecx.images-amazon.com/images/I/51JwkazzQWL.jpg" height="400" width="267" /></div>
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Parceiros no crime, conto de Ana Lúcia Merege, me deixou à vontade com sua escrita, da qual sou fã e já me sinto familiarizado. A trama expõe um conhecimento profundo em mitologia grega - cujas principais histórias conheço superficialmente - e uma pesquisa sobre lugares e costumes gregos para contar uma história de amor à primeira vista com bastante aventura e mistério. Como sempre, os nomes estrangeiros me atrapalharam no começo (para se ter uma ideia do modo como são tratadas as referências gregas, até Hércules se manteve Héracles, numa citação), mas logo fui me acostumando. Recomendo a todos que curtem a mitologia grega.</div>
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<img src="http://ecx.images-amazon.com/images/I/81OGBBWSTNL._SL1500_.jpg" height="400" width="282" /></div>
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Estrela cadente, de Lívia Stocco, é um conto rápido, simples, engraçado e muito bem montado. As características psicológicas são o ponto alto desta narrativa em primeira pessoa, e cativa sem muito esforço. A linguagem é coloquial e o enfoque descontraído garante fluidez e concisão às ideias. Muito bom!</div>
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<img src="http://ecx.images-amazon.com/images/I/71ELbvPj9jL._SL1500_.jpg" height="400" width="251" /></div>
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Os anjos não conhecem o céu, conto de Bruno Eleres, me causou uma indiferença extrema. Passado um dia da leitura, eu quis escrever este comentário sobre e não consegui. Simplesmente não lembrava de nada do conto. A escrita não possui defeitos evidentes, é a falta de voz e o enredo "pasteurizado" que tornam a leitura completamente desinteressante. Não costumo dar notas, mas esse é 3/5. Não fede nem cheira.</div>
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<img src="http://ecx.images-amazon.com/images/I/71PPNgf5WHL._SL1500_.jpg" height="400" width="260" /></div>
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A ladra que roubava ladrões, de Laís Manfrini, apresenta um conceito interessante, mas a escrita contém alguns maneirismos prejudiciais à leitura; especialmente nas descrições, que se esmiúçam de maneira artificial. O enredo abrange muita coisa para as poucas páginas, e a impressão que fica é a de pressa desmedida, e os personagens são vagos e sem muita importância, apesar de conter um charme peculiar nas suas estranhezas.</div>
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<img src="http://ecx.images-amazon.com/images/I/91Zx59RYjJL._SL1500_.jpg" height="400" width="250" /></div>
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O ouro da montanha, de Camila M. Guerra, possui uma escrita rica, opulenta, sufocante. O rebuscamento das frases é agradável pelo estilo, mas é feito sem medida; os adjetivos transbordam em alguns parágrafos, e o que deveria formar a imagem, acaba dificultando o processo de leitura. O enredo é belíssimo, as cenas bem montadas e texto, como um todo, é carregado de poesia. Recomendo!<br />
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Unknownnoreply@blogger.com0